Dezoito anos após a falência das lojas Mappin e Mesbla, investigadores privados conseguem as primeiras evidências de que Ricardo Mansur possui bens não declarados no exterior. Assinaturas do empresário em movimentações de contas bancárias em nome de uma empresa com sede nos Estados Unidos foram consideradas indícios suficientes pelo juiz americano da Corte de Falências da Flórida, Robert Mark, para determinar o bloqueio de qualquer movimentação financeira direta ou indiretamente ligada a Mansur.

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O juiz deu ainda poderes para que o síndico da massa falida no exterior, o advogado Afonso Braga, investigue o empresário.

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Na prática, com essa decisão, os investigadores privados que fazem o trabalho para os credores do Mappin terão agora poder de polícia para ir atrás de bens não declarados de Mansur.

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De acordo com algumas fontes, diante dessa decisão que bloqueou o acesso ao dinheiro, Mansur teria deixado os Estados Unidos, onde estaria morando, e voltado ao Brasil. Seu advogado, Rodrigo Rocha Leal Gomes de Sá, garante, no entanto, que o empresário mora em São Paulo. Diz ainda que todos os bens de Mansur já foram entregues à Justiça, bloqueados na falência do Crefisul, o banco que pertencia ao empresário. Gomes de Sá também disse desconhecer a decisão da Justiça americana.

A mansão em que os investigadores acreditam que Mansur estaria vivendo ocupa uma área de 3,5 mil metros quadrados na North Bay Road, um dos endereços mais luxuosos de Miami, de 600 metros quadrados e que vale cerca de US$ 6 milhões (ou cerca de R$ 20 milhões). Não está no nome de Mansur, mas o objetivo dos investigadores agora é justamente provar que a residência pertence ou pertenceu ao empresário. A lista de bens tem ainda um apartamento de 500 metros quadrados, em um prédio de frente para o mar, em Bal Harbour, que custa por volta de US$ 4,5 milhões e 15 carros de luxo que pertencem à empresa Society Retail & Auction. Foi nesta empresa que o juiz determinou o congelamento da conta bancária, que traria indícios fortes de pertencer a Mansur, apesar de estar em nome de terceiros.

Além do processo nos Estados Unidos, os credores do Mappin também entraram com um pedido nas cortes inglesas, segundo o síndico da massa falida no Brasil, Nelson Carmona. Os casos correm em segredo de Justiça, mas são conhecidos alguns bens que o empresário possuía em Londres, como mansões em Kensington. Uma das casas de Mansur era na verdade um palácio, o Vitoria Palace, que teria sido vendido no ano 2000 por US$ 45 milhões.

A venda do palácio foi logo na sequência da declaração da falência das lojas Mappin e Mesbla, que quebraram em julho de 1999. Naquele ano também faliu o banco Crefisul e outras empresas do grupo, como a holding Barnett. Antes de quebrar, Mansur era conhecido como o rei do varejo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.