O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, reiterou a previsão de crescimento da economia em 2017 e disse que não há motivo, no cenário atual, para revisar as projeções, apesar das incertezas quanto à velocidade da recuperação. “O ideal seria crescer muito mais rápido, mas só o fato de a economia voltar a crescer é uma mudança significativa. O crescimento está mais demorado do que se esperava em junho, julho. A recuperação tem sido mais gradual do que se esperava. É um estímulo para a gente apressar a agenda de reformas”, ressaltou.
Ele comemorou o recuo da inflação em novembro, para 0,18% segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira, 9. Com esse resultado, o Banco Central poderá dar “continuidade à queda dos juros”, disse Almeida, que evitou, no entanto, comentar um aprofundamento da retração da Selic, com o argumento de que essa é uma decisão exclusiva da autoridade monetária.
Após participar de seminário interno da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o economista comentou o IPCA, cuja desaceleração, segundo ele, está relacionada também “ao esforço do governo no ajuste fiscal”.
Em sua opinião, existe uma tese “equivocada” sobre uma expansão fiscal neste ano. “Toda expansão fiscal, do gasto público federal, é reflexo da inflação do ano anterior. Há despesas obrigatórias, só a Previdência que cresceu em torno de R$ 70 bilhões neste ano por ser indexada à inflação anterior. Mas em termos de gastos discricionários não tem absolutamente nenhuma expansão fiscal”, afirmou.
Para o secretário, fechar o ano com inflação dentro da meta, de até 6,5%, considerando a margem de tolerância, “teria um simbolismo”. Mas ele não chega a dar como certo que o IPCA de 2016 fechará no limite desejado. Ainda assim, aposta que, somada à divulgação do indicador de novembro, com “a sinalização de que o ajuste fiscal vai ser aprovado (no Congresso)”, e também a reforma da Previdência, além da contribuição externa, “a tendência é dos juros continuarem caindo”.
Mansueto dá como certa a votação e aprovação da PEC do teto dos gastos no Senado, na semana que vem, e defende o debate no Congresso da reforma da Previdência. “Temos que ver exatamente o que vai sair. O que o secretário da Previdência Complementar deixou muito claro é que não se pode flexibilizar a reforma enviada de tal forma que o próximo governo tenha que fazer nova reforma”, afirmou. Ele destacou ainda que inclusão dos militares na reforma será tratada em projeto de lei complementar.
Ele destacou que hoje o INSS representa gasto de 12% do PIB. “Se o sistema atual continuasse, até 2050 ou 2060, o gasto ultrapassaria 20% do PIB. Seria preciso um aumento da carga tributária até 2040 de dez pontos (porcentuais) do PIB e, depois de 2060, acima de 10 pontos do PIB”, disse.