Rio (AE) – A Refinaria de Manguinhos anunciou que vai interromper suas operações para evitar perdas com a defasagem dos preços dos combustíveis no Brasil. Em nota distribuída ao mercado, a companhia afirmou que não vai comprar cargas de petróleo enquanto durar a defasagem. Isso significa que suas atividades serão mantidas apenas enquanto durar o estoque atual de petróleo. Mesma decisão já havia sido tomada pela Refinaria Ipiranga, que ficou o mês de maio sem produzir combustíveis. Manguinhos e Ipiranga são as duas únicas refinarias privadas nacionais sem participação da Petrobras.

continua após a publicidade

As duas reclamam que não conseguem repassar ao mercado interno a alta do insumo no mercado internacional, já que a estatal, principal formadora de preços, não promove reajustes desde novembro. Em seu balanço de 2004, a Ipiranga acusou um prejuízo de R$ 39 milhões na atividade de refino, justificado pela compra do petróleo acima dos US$ 50 por barril, enquanto os derivados estavam sendo vendidos a preços inferiores a este nível.

A refinaria de Manguinhos já vinha operando com uma carga inferior à sua capacidade para reduzir as perdas. A empresa não apresentou nenhum executivo para comentar o assunto. Em nota, informou apenas que está diversificando suas operações, visando a fontes alternativas de receita que permitam a continuidade da empresa até a reversão do cenário atual. Quando deixou de produzir combustíveis, a Ipiranga manteve o processamento de nafta para abastecer a Copesul, central de matérias-primas do pólo petroquímico de Triunfo, onde tem participação acionária.

O grupo Ipiranga voltou a comprar petróleo no final de junho, aproveitando um momento de calmaria no mercado internacional de petróleo, quando o barril caiu abaixo dos US$ 50 e o dólar estava cotado em torno dos R$ 2,40. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou que tem estoque para operar até meados de agosto. A reposição do estoque, porém, vai depender das condições de preço na ocasião. 

continua após a publicidade

Cotação do petróleo apresentou queda ontem

O preço do petróleo fechou em forte baixa nesta sexta-feira em Nova York ao final de uma sessão com altos e baixos, num dia de realização de lucros, com os especuladores considerando que os riscos vinculados ao furacão Dennis já haviam sido levados em conta pelo mercado.

continua após a publicidade

No New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do cru para entrega em agosto diminuiu 1,10 dólar, passando a 59,63 dólares depois de ter chegado a 61,90 dólares durante o dia.

Os preços registraram um recuo de quase US$ 5 anteontem, com as explosões quase simultâneas ocorridas em Londres, em ônibus e estações de metrô, que já deixaram mais de 50 mortos e cerca de 700 feridos. O temor de que os ataques pudessem afetar o turismo internacional – afetando assim o consumo de combustíveis para aviões, com conseqüente queda de preços – fez os investidores recuarem dos contratos da commodity.

As atenções voltaram, após o impacto da notícia dos atentados, para a queda de 3,6 milhões de barris no estoque de petróleo nos EUA na última semana, segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Departamento de Energia dos EUA. O total de barris estocados no País é agora de 324,9 milhões de barris, 7% acima do nível registrado no mesmo período de 2004.

O estoque de gasolina no País recuou em 900 mil barris, totalizando agora 215,3 milhões de barris do combustível estocado, 3% acima dos níveis no mesmo período do ano passado.

A passagem do furacão Dennis pela Jamaica obrigou o fechamento dos dois aeroportos internacionais da ilha, impedindo vários turistas de deixar o país. O NHC (sigla em inglês para Centro Nacional de Furacões) prevê que o ciclone Dennis terá ventos de mais de 178 km/h – o que o classificaria como categoria três na escala Saffir-Simpson, que vai até cinco.

Os cientistas prevêem que o sistema ganhará força gradativamente no Caribe, perderá intensidade quando passar por Cuba e aumentará novamente depois de entrar no Golfo do México.

A passagem do Dennis pela região do Golfo do México pode voltar a interromper as atividades das refinarias na região, como aconteceu em setembro do ano passado, na passagem do furacão Ivan.

Devido à passagem do Ivan, cerca de 44 milhões de barris deixaram de ser extraídos entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano.