O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Roberto Mangabeira Unger, sugeriu em entrevista ao jornal britânico Financial Times que discorda da política de ajuste fiscal capitaneada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele afirma que a lógica por trás do ajuste é reavivar a confiança do setor financeiro no Brasil e, assim, estimular os investimentos e o crescimento econômico.

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“Nós achamos que a doutrina da confiança financeira nunca funcionou de verdade em nenhum lugar… Veja a Europa e lá é entregue a combinação de austeridade e estagnação”, afirmou Mangabeira Unger, acrescentando que a presidente Dilma Rousseff tinha uma visão diferente do pensamento econômico ortodoxo. Para ela, diz o ministro, a questão não é a confiança do setor financeiro, mas restaurar a capacidade de manobra do governo.

Mangabeira Unger também criticou o modelo de estímulo ao consumo adotado nos últimos anos pelo governo. “A fragilidade subjacente do sistema que nós construímos era a produtividade muito baixa”, comenta. “Acontece que o keynesianismo vulgar contracíclico era um instrumento grosseiro e basicamente ineficiente. Então nós chegamos a esse dia de reconhecimento”, completou.

Entre as medidas que cita para ajudar a estimular a produtividade, especialmente de pequenas empresas, Mangabeira Unger propõe a remoção completa de barreiras tarifárias e não tarifárias para bens de capitais modernos.

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O texto lembra que o filósofo e professor de Direito de Harvard ocupou a mesma Secretaria de Assuntos Estratégicos no governo Lula, mas deixou o cargo, já que teria deixado de ser ouvido em função da aproximação da campanha eleitoral de 2010. Agora, aponta o FT, seu desafio é debater o futuro de longo prazo do Brasil, enquanto o curto prazo está bastante conturbado. “O erro mais comum na política é confundir o urgente com o importante”, afirmou Mangabeira Unger na entrevista.