Mandioca terá mais espaço na mesa dos brasileiros

A adição de derivados de mandioca à farinha de trigo ainda não refletiu no campo. No entanto, a Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam) acredita que isso ocorrerá de forma gradual, quando a medida entrar em vigor. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou, no mês passado, um projeto de lei que institui a adição a produtos adquiridos pelo Poder Público. O projeto segue agora para aprovação no plenário e sanção do presidente.

O projeto de lei estabelece que serão adicionados farinha de mandioca refinada, farinha de raspa de mandioca e fécula/amido de mandioca à farinha de trigo na proporção de 3% a 10%.

O presidente da Abam, Ivo Pierin Júnior, estima que a adição representará um acréscimo de 50 mil toneladas de derivados do produto por ano. Esse número, apesar de pouco expressivo, é considerado muito importante para o setor.

“Principalmente porque quebra paradigmas que existem sobre a adição dos produtos”, falou. Além disso, “ajudará o Brasil a diminuir sua dependência de importação de trigo”.

Pelo projeto, a adição será obrigatória para compras públicas, e facultativa para a indústria. Mas quem aderir poderá se beneficiar de incentivos fiscais, como a suspensão da incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre as receitas de vendas de farinha de trigo misturada. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) afirma ser contra a obrigatoriedade da adição, e defende que produtos com derivados de mandioca devem ser uma escolha do consumidor.

A Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) comunga da mesma opinião. “Na medida que não for obrigatório, nos iremos apoiar a proposta”, afirmou o presidente da entidade, Alexandre Pereira Silva. Segundo ele, a idéia é positiva na medida que ajuda a fortalecer o setor da mandioca, mas não poderá ser uma imposição. Silva acredita que os incentivos fiscais poderão estimular os moinhos a produzir a farinha misturada, refletindo em um produto final mais barato para o consumidor.

Ao contrário do que afirma a Abam, o presidente da Abip esclarece que a adição de derivados da mandioca altera o sabor dos produtos, e por isso, nunca poderá substituir o tradicional pão francês. “A farinha misturada resultará em um novo produto, mas não no pão francês. Será um pão brasileirinho”, finalizou.

Expectativa de boa produção

O Paraná, terceiro maior produtor nacional de mandioca e líder na produção de fécula, deverá manter praticamente a mesma área com a raiz. A estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado, é que sejam cultivados 182 mil hectares, cuja produção deve atingir 4 milhões de toneladas de mandioca. Isso representa um aumento em torno de 2,5% em comparação à safra passada. O custo da produção estaria entre os principais fatores de influência nesse cenário.

Segundo o técnico do Deral Methodio Groxko, 60% da safra 2007/2008 já foi colhida, e nos meses de setembro a outubro os produtores intensificam o plantio da atual safra, que pode sofrer um pequeno atraso em função do clima. “Em junho ocorreram chuvas freqüentes, e em julho, ao contrário, a estiagem dificultou o arranquio das raízes. As chuvas de agosto não foram suficientes para recuperar a deficiência hídrica do solo, e a continuidade da estiagem preocupa dos produtores”, comentou.

O Brasil é o segundo maior, produtor mundial de mandioca, e no ranking nacional, o Paraná fica atrás apenas do Pará e da Bahia na produção da raiz. No entanto, o Estado responde por cerca de 60% da fécula de mandioca produzido no País – cerca de 400 mil toneladas do produto -, pois boa parte das indústrias estão instaladas aqui.

Juntas elas geram cerca de três mil empregos diretos. No campo, a cultura predomina na região noroeste do Estado, sendo que 70% das propriedades que cultivam a raiz têm menos de 10 hectares.

Apesar da estabilidade atual da cultura, a área plantada com mandioca não deverá aumentar mais de 3% no Estado. Segundo Methodio Groxko, os preços são considerados satisfatórios, uma média para o mês de agosto de R$ 166 a tonelada, um aumento de 35% em relação ao ano passado, quando o produto era vendido no período por R$ 123.

No entanto, o custo variável do plantio também aumentou, passando de R$ 90 em maio de 2007 para R$ 122 no mesmo período deste ano. (RO)

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