Um dos desafios que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, terá de enfrentar em Nova York, na reunião de segunda-feira com representantes das principais instituições financeiras estrangeiras, será o de demonstrar que a dívida pública está sob controle. Para isso, terá de desfazer uma série de equívocos que têm contribuído para uma avaliação desfavorável sobre a capacidade do País de manter sua dívida sob controle.
Para o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, um desses equívocos está relacionado aos problemas enfrentados pelo fundos de renda fixa, que levaram a uma onda de saques. Esse movimento foi interpretado erroneamente no exterior como uma recusa dos bancos brasileiros em comprar títulos do governo federal. Embasados nessa leitura equivocada, alguns investidores estrangeiros concluíram que o Brasil teria dificuldades em continuar rolando sua dívida e, por isso, haveria risco de calote.
Essa avaliação errada acabou sendo alimentada pelo fato de o Tesouro ter ficado duas semanas seguidas, em junho, sem vender títulos no mercado. Em parte, isso foi provocado pela implantação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), que obriga as instituições financeiras a manter um volume maior de dinheiro em caixa. Por isso, os bancos passaram a vender parte de seus títulos e, naturalmente, não queriam comprar papéis do Tesouro. ?Não havia aversão aos títulos. Era problema de liquidez, que foi lido no exterior como um problema de solvência?, disse Guardia. Ele observou que o dinheiro sacado dos fundos não saiu do sistema bancário.