Mais de dez dias depois de anunciar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), envolvendo recursos da ordem de US$ 30 bilhões, o governo ainda está passando o chapéu entre bancos estrangeiros para conseguir resolver uma das principais fontes de pressão no mercado cambial nas últimas semanas: a escassez de linhas de comércio. Amanhã (20), o Banco Central anuncia uma estratégia que deverá irrigar o mercado com cerca de US$ 2 bilhões das reservas internacionais do País.
Na seqüência, o presidente da instituição, Armínio Fraga e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, viajam para o exterior para convencer os grandes bancos internacionais a restabelecer as linhas de crédito para o Brasil. ?É claro que os bancos precisam voltar (a emprestar) porque eles também estão perdendo dinheiro?, disse hoje o presidente Fernando Henrique Cardoso, ao comunicar a viagem dos representantes do governo para uma série de encontro com investidores internacionais.
As medidas que serão divulgadas amanhã pelo BC se somam às anunciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, a avaliação de fontes do governo é de que, para eliminar essa fonte de problema e conseguir fazer com que a cotação do dólar se mantenha abaixo dos R$ 3,00, é preciso contar com apoio do sistema financeiro internacional.
A expectativa inicial era de que o anúncio do novo acordo com o Fundo ajudaria a recuperar a confiança em relação ao futuro da economia brasileira e, dessa forma, o mercado de crédito poderia ser retomado gradualmente. No entanto, o que se verificou até agora foi que o reforço de US$ 30 bilhões garantido pelo FMI eliminou apenas uma das fontes de tensão no mercado financeiro: o medo de o Brasil não conseguir honrar pagamentos externos futuros. ?Com isso, o dólar caiu de uma faixa entre R$ 3,25 e R$ 3,5 para outra entre R$ 3 e R$ 3,25?, avalia o diretor de análise de risco de mercado do BES Investimento, Carlos Guzzo.