Mais 84 bovinos deverão ser mortos hoje no Paraná, dando continuidade ao sacrifício sanitário dos quase 7,6 mil animais apontados como focos de febre aftosa pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O abate teve início na última quarta-feira, quando 377 animais das fazendas Cesumar (Centro Universitário de Maringá) e Pedra Preta foram mortos. Hoje será a vez do rebanho da Fazenda Flor do Café, no município de Bela Vista do Paraíso, a quase 40 quilômetros de Londrina.
Segundo informações da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), os trabalhos terão início por volta das 8h. Técnicos da Seab, Mapa e integrantes da Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício irão acompanhar o sacrifício, que, assim como nas fazendas Cesumar e Pedra Preta, será feito através de tiro – o chamado ?rifle sanitário?. A idéia é concluir o abate ainda de manhã. Dois dos 84 animais terão o material coletado por membros da Comissão de Necropsia. O material será enviado ao laboratório do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), no Rio de Janeiro.
A Fazenda Flor do Café pertence a José Moacir Turquino, proprietário também da Fazenda Bonanza, em Eldorado, no Mato Grosso do Sul (MS), apontada também como foco de aftosa pelo Ministério da Agricultura. O gado que veio da Bonanza para o Leilão 10 Marcas, realizado em Londrina no início de outubro passado, ficou na Flor do Café antes de seguir para o Parque de Exposições. Alexandre Turquino, filho de José Moacir, garante que o gado está sadio.
Santa Izabel
Já o sacrifício do rebanho da Fazenda Santa Izabel, no município de Grandes Rios – que a princípio aconteceria hoje, paralelamente ao da Flor do Café – foi transferido para amanhã. Segundo a assessoria de imprensa da Seab, a data foi revista porque haveria um problema de logística. É que a mesma Comissão de Necropsia que irá acompanhar os trabalhos em Bela Vista do Paraíso teria que seguir para Grandes Rios, o que ficaria corrido. A previsão é que na Fazenda Santa Izabel, os 39 animais comecem a ser abatidos a partir das 8h. Segundo os técnicos da comissão, será coletado material de um animal do rebanho para necropsia.
Com o abate do rebanho da Fazenda Santa Izabel apenas amanhã, também o sacrifício dos 1.795 animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira – a primeira a ser declarada foco de aftosa – será adiado. Inicialmente, a intenção era abatê-los neste fim de semana. A Seab não divulgou a nova data do sacrifício nessa propriedade.
Os últimos rebanhos a serem sacrificados são os das fazendas Alto Alegre e São Paulo, em Loanda, com 1.903 e 2.500 animais, respectivamente. Como o solo nas duas propriedades é arenoso, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente exigiu a colocação de uma manta texturizada, o que poderá atrasar os trabalhos. A idéia é que todo o sacrifício esteja concluído até o fim da próxima semana.
Necropsia
Ontem, os integrantes do Conselho de Necropsia concluíram a coleta de material de três animais da Fazenda Pedra Preta e de dois da fazenda do Cesumar. O trabalho teve início na quarta-feira, com a coleta de material de um animal da Pedra Preta. Todo o material tem que ser enviado até hoje para o laboratório da Panaftosa, no Rio de Janeiro. Concluída a coleta de material, será realizada a desinfecção das instalações de ambas as propriedades. Também começarão a ser adotadas as demais medidas de saneamento, com o objetivo de posteriormente iniciar a reintrodução de animais no local.
Exportação e incentivos
O surgimento de focos de aftosa no País prejudicou o mercado de carne, mas mesmo assim o setor apresentou crescimento de quase 3% no volume exportado, um aumento de mais de 12,55% no valor negociado em fevereiro. Os dados constam do balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Ao todo, as vendas somaram US$ 215 milhões.
Enquanto isso, o governo, convencido de que é preciso avançar ainda mais na desoneração da produção e dos investimentos, avisou ontem a representantes de toda a cadeia de carnes, de supermercadistas a produtores e donos de frigoríficos, que só dará incentivos fiscais, como a redução do PIS e da Cofins, se houver contrapartidas. No caso do setor de carnes, é preciso assumir compromissos de investimentos em defesa sanitária, rastreabilidade, conhecimento e tecnologia, entre outros.
A advertência foi dada pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que, junto com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, conversou com os representantes do setor. Os donos de frigoríficos são os mais descontentes. Eles afirmam que as empresas que vendem apenas para o mercado interno estão em desvantagem em relação às exportadoras, que pagam menos impostos.
