Os minicontratos de dólar – um tipo de investimento do mercado futuro negociado em Bolsa – se popularizaram. Só neste ano, o volume de contratos negociados cresceu 45% em relação ao ano passado no País, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Esse é um produto usado para proteção em momentos de volatilidade. Um lado aposta na alta, o outro na baixa e, quem se der melhor, ganha a variação cambial do período.
Como o risco é alto, o produto não é indicado para iniciantes. Há alguns anos, as corretoras exigiam um investimento mínimo de R$ 2 mil, mas agora já é possível operar com valores em torno de R$ 100 – uma pequena fração do contrato padrão, de R$ 10 mil. A facilidade maior atraiu investidores inexperientes.
O assistente de logística Willian Nikio Doi começou a operar minicontratos de dólar em março de 2016. Antes, ele usou o simulador de uma corretora. “Ganhei muito dinheiro, mas também perdi bastante”, diz. Ao fim das negociações, Nikio Doi contabilizou um prejuízo de R$ 7 mil. “Como eu era um trader (operador) iniciante, o fator psicológico pesou.” Hoje, ele investe em ações e no Tesouro Direto.
Os minicontratos se baseiam na tentativa de prever para onde irá a cotação do dólar. Para isso, os investidores que acreditam na alta da moeda fazem contratos de venda e os que acreditam na baixa fecham contratos para comprar a moeda no prazo de um mês. Quem “acerta” a aposta, ganha a variação cambial.
No ano passado, o dólar à vista fechou cotado a R$ 3,25. Quase dois meses depois, havia caído para o valor mais baixo de 2017, de R$ 3,05. Em maio, atingiu o valor mais alto, R$ 3,39. E na sexta-feira, dia 8, estava a R$ 3,30.
O volume de contratos vem crescendo nos últimos anos. Para o economista Alexandre Cabral, o produto está se consolidando e as corretoras foram fundamentais para a sua popularização. “Houve um grande esforço das corretoras para atrair investidores. Com os juros em queda, aumenta a busca por investimentos mais nervosos.”
Neste ano, o número de contratos de minidólar negociados na Bolsa já soma 266,9 milhões, alta de 45% ante 2016. A expansão é atribuída ao interesse do investidor especulativo, atraído pela redução dos custos de operação. As corretoras cobram geralmente R$ 3 por operação em ações. No minicontrato, esse custo é de R$ 0,09.
“O minicontrato também pode ser usado para fazer proteção cambial (hedge), mas nos últimos anos percebemos a entrada grande de pessoas que estão especulando”, diz o coordenador do laboratório de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Evandro Siqueira.
Em 2018, ele acredita que o interesse continue alto nessa modalidade de investimento, já que com as eleições espera-se um dólar mais volátil. “O problema é quando investidores inexperientes operam minicontrato e, por falta de conhecimento, assumem muito risco.”
Prevenção
Para evitar que o investidor inexperiente assuma riscos acima do limite, ou seja, negocie mais contratos do que a capacidade financeira de arcar com prejuízos, as corretoras investem em sistemas de controle. A XP Investimentos tem em sua plataforma um simulado de minicontrato de dólar. O investidor recebe as informações em tempo real para entender o funcionamento do mercado e saber se quer operar com esse tipo de produto.
Fabrício Tota, da Socopa, indica ao interessado em operar minicontratos que procure orientação. “E para quem quer investir em ativos relacionados ao câmbio, existem opções, como os fundos de investimentos atrelados ao dólar”, destaca Tota. Segundo a Anbima, os fundos cambiais acumulam rentabilidade de 3,05% no ano.