A taxa de inflação para a população de menor poder aquisitivo foi maior do que a observada para as pessoas com maior renda na cidade de São Paulo em fevereiro. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (10) pelo Dieese, que apesar de apurar que o Índice do Custo de Vida (ICV) apresentou uma deflação média de 0,03% no mês passado ante uma alta de 0,88% de janeiro, constatou que, para os mais pobres, houve taxa positiva de 0,05% e, para os mais ricos, taxa negativa de 0,06% no período.
Além do ICV geral, o Dieese calcula mensalmente mais três indicadores de inflação, conforme os estratos de renda das famílias da capital paulista. O primeiro grupo corresponde à estrutura de gastos de um terço das famílias mais pobres (com renda média de R$ 377,49); e o segundo contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média de R$ 934,17). Já o terceiro reúne as famílias de maior poder aquisitivo (renda média de R$ 2.792,90).
A boa notícia é que, para todos os estratos, houve uma forte desaceleração na inflação. No primeiro grupo, o ICV foi 0,93 ponto porcentual inferior à variação de 0,98% de janeiro. No terceiro, de maior renda, a taxa de inflação foi 0,94 ponto porcentual mais baixa que a do mês anterior, de 0,87%. No grupo intermediário, o ICV passou de 0,86% para 0% no período analisado.
De acordo com a instituição, dada a forma de gasto com os alimentos, os aumentos nos preços destes bens não contribuíram de forma homogênea no cálculo das taxas por estrato de renda. Na camada dos mais pobres, o grupo subiu 0,12% e respondeu por 0,05 ponto porcentual do ICV; no segundo, variou 0,03% e gerou contribuição de 0,01 ponto; e, no terceiro, caiu 0,12% e representou alívio de -0,03 ponto porcentual.
Para o Dieese, pode-se justificar tal comportamento porque os aumentos de preços ocorreram, principalmente, no preço do feijão e do óleo, afetando mais as famílias de menores rendas; e porque as quedas nos preços das carnes vieram a beneficiar aquelas de maiores rendas.