Apesar de toda a polêmica em relação à liberação de produtos transgênicos no País, o governo do Paraná continua firme na posição de barrar a produção, industrialização, comercialização e transporte de soja geneticamente modificada no Estado. Entre as medidas estudadas, está a criação de um selo de qualidade para a soja convencional exportada pelo Porto de Paranaguá. “A melhor postura a ser adotada pelo Estado do Paraná é não ter o plantio de transgênicos”, declarou ontem o vice-governador e secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, em reunião de trabalho realizada na Emater com participação de representantes da Appa, Seab, Claspar e exportadores.

Segundo ele, apesar de alguns setores defenderem a liberação do plantio e venda desde que haja rastreabilidade e segregação, o plantio de produtos geneticamente modificados seguirá proibido no Paraná enquanto não houver definições internacionais na questão. Pessuti destacou que o governo estadual estabelecerá uma política rigorosa nas barreiras, não permitindo o trânsito de produtos sem rotulagem pelo Porto de Paranaguá. “Os caminhões vindos de outros estados podem estar trazendo produtos geneticamente modificados para o nosso Porto”, comentou. Embora 85% do volume exportado pelo Porto seja de origem paranaense, 35 mil caminhões de outros estados desacarregaram na safra 2001/2002. “Seremos mais rigorosos do que fomos até então”, disse Pessuti.

“Vejo no momento um bom negócio para o exportador paranaense operar apenas com soja convencional”, expôs o diretor de desenvolvimento da Appa, Orsival Francisco, acrescentando que, para os compradores, este é o diferencial do produto brasileiro em relação aos os concorrentes Argentina e EUA, que vendem transgênicos. Ele destacou também que a venda de soja não-transgênica se reflete em aumento do valor em dólar. “Além do grande volume de soja exportado para a Ásia, a China tem potencial para aumentar a compra de soja do Porto”, relatou.

Pessuti destacou também “o esforço gigantesco feito no Paraná para o cumprimento da legislação, que estabelece a proibição do plantio de transgênicos”. “Com segurança, posso afirmar que 95% da soja colhida em território paranaense na safra 2002/2003 está livre de ser transgênica, pois foram produzidas a partir de 8 mil amostras de sementes testadas”. Na safra anterior, foram apreendidas cerca de 600 toneladas de soja modificada no Estado. No dia 24, acontecerá audiência pública na Assembléia Legislativa para subsidiar um projeto de lei em tramitação na Casa que visa proibir o plantio e industrialização de organismos geneticamente modificados no Estado.

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