Mais dez anos de aperto

Rio – O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse ontem que será necessários pelo menos mais uma década de aperto fiscal para transformar o Brasil em um país atraente para o mercado.

"O governo, o Congresso e a sociedade precisam criar instituições que permitam controle maior dos gastos públicos", afirmou Palocci após evento no Rio de Janeiro. "Isso não pode ser uma tarefa de apenas um governo ou de apenas quatro anos. Vamos precisar de pelo menos uma década para fazer os ajustes necessários", completou o ministro.

Palocci disse também que não será tirado nenhum "coelho da cartola" para combater a inflação, como alternativa à política monetária, mas sustentou que o governo já está atuando de forma coordenada.

Palocci afirmou que o governo está adotando várias iniciativas complementares ao aumento dos juros e pediu "paciência" à sociedade.

"Não haverá coelho tirado de cartola, aliás não existe nem coelho e nem cartola na política econômica. O que nós vamos sempre é trabalhar para que o conjunto de medidas econômicas faça um mecanismo de auxílio entre si, de forma a uma reforçar a outra", disse a jornalistas após evento no Rio.

Palocci lembrou que estão sendo criados índices setoriais para corrigir contratos das operadoras de telefonia, por exemplo – o que diminuiria o impacto dos reajustes sobre a inflação ao consumidor.

"O combate à inflação se dá pela política monetária, mas é respaldado por uma série de medidas importantes e isso o governo tem feito", afirmou o ministro.

"Quando o governo elevou o esforço fiscal, isso tem muita importância para o resultado mais significativo da política monetária. Quando o governo, agora, pela iniciativa do Ministério da Previdência, anuncia um plano bastante consistente de redução gradual do déficit significa também uma medida que vai respaldar o esforço fiscal e o monetário."

Metas fiscais

Palocci defendeu ainda metas fiscais de longo prazo para aumentar a credibilidade junto aos investidores e reduzir a dívida pública.

"Nós enviamos agora ao Congresso Nacional uma medida extremamente importante e pela primeira vez a LDO estabelece meta de receita e gastos. Mas eu penso que o Senado Federal e a Câmara de Deputados… é um ambiente importante de debate agora na LDO para que nós possamos buscar mecanismos que indiquem no longo prazo que o Brasil vai perseguir um equilíbrio consistente", disse.

"Se você apontar que nos próximos cinco ou 10 anos, dentro de um ambiente de acordo construído entre as lideranças do Congresso Nacional, que os governos brasileiros futuros vão se comprometer com metas de controle de gastos de longo prazo, tenho certeza de que… vamos ter uma melhora muito importante no ambiente econômico."

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