Foto: Chuniti Kawamura/O Estado |
Ministro do Planejamento Paulo Bernardo: atendimento a pequenas e grandes empresas. |
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que o governo vai ampliar diversas linhas de crédito a custos mais baixos para as empresas dos setores moveleiro e madeireiro e de máquinas e implementos agrícolas, que sofrem sobretudo com a valorização cambial. As medidas foram anunciadas ontem, num encontro do ministro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.
Bernardo informou que o governo vai ampliar em R$ 600 milhões uma linha de financiamento do Banco do Brasil com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhor (FAT). Essa linha de crédito, criada recentemente, dispunha de R$ 400 milhões, mas se destinava somente ao setor coureiro-calçadista. Agora, terá R$ 1 bilhão, incluindo os setores moveleiro-madeireiro e de máquinas e implementos agrícolas.
O valor do empréstimo poderá variar de R$ 5 mil até R$ 5 milhões. ?A linha vai atender pequenas e grandes empresas?, disse Paulo Bernardo, informando também que o prazo do financiamento é de 24 meses com carência de 12, e os juros, a variação da Taxa de Juros de Longo Prazo mais 2,5% a 2,8% ao ano ?Esta é a primeira medida para dar fôlego para esses setores?, afirmou o ministro.
Créditos tributários
O ministro informou também que a Receita Federal vai criar uma força-tarefa para agilizar a liberação de créditos tributários (de PIS-Cofins e Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI) originados de exportações realizadas pelos setores moveleiro, madeireiro e de máquinas e equipamentos que vivem um momento difícil em virtude da desvalorização cambial. Ele não soube informar o valor desses créditos. ?O setor fala que é bastante, e é injeção na veia?, disse ele.
Além disso, segundo ele, o BNDES vai prorrogar o prazo dos empréstimos realizados numa linha de capital de giro denominada Progeren, montada para esses setores, e reduzir em um ponto porcentual o juro dessa linha. Com isso, a taxa de juros desse financiamento cairá de, atualmente 13%, para 12% ao ano.
Outra medida para esses setores anunciada por Bernardo é a ampliação da parcela indexada à TJLP dos financiamentos do BNDES voltados para o comércio exterior, dentro da linha de crédito do programa BNDES-Exim. Atualmente, 80% desses créditos são indexados pela TJLP e a parte restante, atrelada à taxa de mercado. Agora, os financiamentos passarão a ter 100% de correção pela TJLP, que está em 7,5% ao ano para o terceiro trimestre deste ano.
Ele informou também que será criada uma linha de financiamento para importação de máquinas e equipamentos sem similar nacional para os três setores.
?É claro que essas medidas não resolvem todos os problemas desses setores?, admitiu o ministro. ?Mas são suficientes para dar fôlego a eles?, ponderou. ?O governo reconhece que há uma crise nesses segmentos e que, se não tiverem ajuda, a economia pode ser prejudicada?, afirmou Bernardo.
Dilma nega fins eleitoreiros em nova linha de crédito
Brasília (AE) – A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, negou ontem, em entrevista concedida no Palácio do Planalto, que o anúncio de uma linha de crédito adicional de R$ 600 milhões para os setores moveleiro, madeireiro e de máquinas e equipamentos agrícolas, feito ontem pela manhã pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, em Santa Catarina, tenha motivos eleitoreiros. ?Isso não é uma questão eleitoral?, argumentou. ?Não podemos concordar que não estamos governando.?
O pacote anunciado, segundo ela, beneficiará especialmente empresários do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais afetados pela valorização cambial. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará comícios em Porto Alegre e São Leopoldo. Dilma alegou no entanto, que o anúncio, na véspera da visita de Lula ao Rio Grande do Sul, não é para preparar a recepção do candidato à reeleição no Estado. ?Esse processo vem de bastante tempo e começou a ser negociado em março?, disse ela. ?Faz parte de uma ação de governo, e não de uma ação do presidente como candidato.?
Para a entrevista dela, no entanto, a assessoria de imprensa da Casa Civil chamou representantes de rádios, TVs e jornais do Rio Grande do Sul, além dos setoristas do Palácio do Planalto. Para ressaltar que a linha de crédito, com juros de 2,8% além da TJLP de 7,5%, prazo de 24 meses e carência de 12 meses, vai beneficiar um setor que, no Rio Grande do Sul, conta com 2.400 estabelecimentos e responde por 26% da produção moveleira nacional. O valor dos empréstimos pode variar de R$ 5 mil a R$ 5 milhões.
A ministra disse, também, que o governo estuda novos pacotes e linhas de financiamento para outros setores, especialmente os ligados à área de infra-estrutura. Questionada se os recursos para ?as linhas estruturantes? podem sair até outubro, ela respondeu: ?Outubro, porque é o mês das eleições? Não necessariamente?. Ela informou, ainda, que fará visitas ao Rio Grande do Sul, a Santa Catarina e ao Paraná, estados em que os setores beneficiados com a ampliação da linha de crédito são fortes, para discutir as medidas anunciadas com os respectivos setores.
Questionada se o governo é a favor da reeleição, ela disse que ele sempre se posicionou contra, mas que não conhecia nenhuma análise, no Planalto, sobre um projeto em tramitação no Senado que propõe o fim desse instituto. Disse, também, que é a favor de uma mudança na data de posse do novo presidente da República, para que ela não ocorra em 1.º de janeiro, como é atualmente..