O ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Mailson da Nóbrega afirmou hoje que o governo federal está cometendo dois erros graves ao tentar coibir a apreciação do real ante o dólar. “Um deles é reduzir dramaticamente a volatilidade do câmbio, como se tivesse um piso”, disse, após participar do Seminário “Rumos da Economia Brasileira”, na capital paulista. “Um outro elemento é o anuncio diário de medidas que não se concretizam. Eu nunca vi um governo divulgar às 13h, quando o mercado está aberto, que vai anunciar medidas de câmbio no final do dia”, comentou, ressaltando que a comunicação se torna, assim, deficiente.

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Ao defender que o governo federal não interfira mais no câmbio, o ex-ministro admitiu que essa postura provocaria uma valorização adicional na moeda, mas que traria benefícios para conter a alta da inflação, o que seria oportuno nesse momento. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 6,30% em março, no acumulado em 12 meses.

O ex-ministro fez também críticas duras ao governo federal em relação à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de crédito para pessoas físicas de 1,5% para 3% ao ano. “O aumento do IOF mostra que o governo está improvisando, que reagiu com a alta do IPCA (de março). A política macroprudencial não tem poder de fazer uma mudança radical no crédito”, completou. Segundo ele, esse tipo de ação provoca impacto maior no consumo de bens duráveis, que subiram, segundo ele, perto de 0,5% nos últimos 12 meses, enquanto serviços aumentaram 8,5%.”Portanto, a medida não tem impacto.”

Na sua avaliação, o que traz efeitos para conter o avanço do nível de atividade é a alta de juros. Segundo ele, o Banco Central (BC) não deveria interromper o movimento de alta da taxa Selic (juro básico da economia) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), pois, na avaliação dele, são necessárias mais duas elevações de 0,5 ponto porcentual – na próxima reunião, nos dias 19 e 20 de abril, e, novamente, na reunião de junho. “Mas, na Tendências (Consultoria), o que a gente acha que vai ocorrer é que o BC vai parar a alta de juros na próxima reunião, quando irá elevá-los em mais 0,50 ponto porcentual.”

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