O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 11, em evento com investidores em Nova York que, para reforma da Previdência andar, “falta o governo organizar o diálogo com o Parlamento”. “Precisamos melhorar o encaminhamento da reforma”, declarou. “(A reforma) atrasou um pouco, atrasará um pouco mais que necessário, mas vai tomar rumo.”

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Segundo ele, “quando o presidente é um pouco mais duro com o Parlamento, o Parlamento reage”. “Construir um novo ciclo político na democracia é diferente do que na ruptura”. Ele afirmou que, “a agenda do presidente (Jair Bolsonaro) nunca foi liberal, mas conservadora”.

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Maia declarou que “é natural” que um presidente eleito tenha dificuldade de explicar o que pensa nos primeiros meses. “Também não podemos exigir que (Bolsonaro) tenha da noite pro dia agenda de diálogo com o Parlamento”, disse, destacando a expectativa de que, a partir de maio, “possamos ter relação mais positiva, com agenda da Previdência”.

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O presidente da Câmara disse que Bolsonaro tem liberdade para montar o governo e “boa equipe para uma agenda econômica”. Segundo ele, o presidente delegou “muito poder” ao ministro da Economia, Paulo Guedes – até “um pouco demais”.

No entanto, ressaltou que trabalha “muito bem” com o ministro. “A agenda de Guedes tem coisas boas, mas é preciso reduzir a despesa obrigatória”, comentou. “Precisamos discutir as despesas do Estado, que tem 94% em gasto obrigatório.”

Maia evitou falar em votos para a reforma e disse que “é um erro tratar de votos para a reforma da Previdência, pois gera ansiedade”. O relatório da reforma foi lido na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara na terça-feira, 9, é a previsão é que o texto comece a ser votado no próximo dia 16.

Porém, lideranças do Centrão se movimentam para colocar mais um obstáculo à votação da admissibilidade do projeto e querem que o texto sobre o Orçamento impositivo seja passado na frente.

O presidente da Câmara ressaltou que a proposta de Bolsonaro para as aposentadorias prevê economia de R$ 1 trilhão em 10 anos, “mas o governo não abriu para nós onde está esta poupança”. “O importante é saber o que governo pensa, qual a agenda da direita para educação e saúde”, disse o parlamentar, destacando que a agenda prioritária do Brasil é reestruturar as despesas do governo – ele lembrou ainda que o salário de servidor federal é 67% maior do que no setor privado.

Maia disse que a resposta do Planalto sobre a alíquota progressiva “não foi boa”. Neste contexto, o lobby contra a reforma virá sobre a alíquota progressiva, de professores e policiais, ressaltou ele.

Reforma tributária

Maia comentou a declaração do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, de que aprova sozinho a reforma tributária, cuja proposta foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo. “Cintra diz que aprova a reforma tributária sozinho, ele toca sozinho e nós, no Parlamento”.

E emendou: “Se ele vai aprovar sozinho, para que eu preciso atuar?”