Brasília – Menos retórica e mais ações. Esta será a principal mensagem do discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai proferir na próxima terça-feira, em Nova York (EUA), ao abrir a 58.ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo integrantes do governo, Lula vai defender que, ao lado da guerra contra o terror, seja deflagrada a guerra contra a fome e a miséria no mundo. O presidente brasileiro também lembrará que foi criado no ano passado, no âmbito da ONU, o Fundo Mundial de Solidariedade, que não tem um tostão e pode ser ativado com a ajuda dos governos, das multinacionais e da sociedade civil.
Entre os argumentos a serem usados por Lula, um deles é que os gastos com armamento são de US$ 900 bilhões por ano, enquanto o custo anual para combater a fome e a miséria no mundo fica em US$ 50 bilhões. O presidente também deverá citar a morte hedionda de 3 mil pessoas no World Trade Center, nos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York, seguida de uma observação: todos os dias, morrem de fome 30 mil crianças com menos de cinco anos no mundo.
Até sexta-feira à noite, estava praticamente certo que o presidente iria anunciar que 14 multinacionais estariam dispostas, através de suas matrizes, a contribuir para o Fundo Mundial de Solidariedade.
Ele também deverá destacar a idéia lançada pelo ministro da Economia do Reino Unido, Gordon Brown, em maio último, durante a reunião do G-8 – grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia – em Evian, na França. Brown sugeriu que os organismos internacionais de crédito criem linhas especiais para financiar o combate à fome e à pobreza.
– O discurso do presidente da República poderá ser ainda mais surpreendente. É que ele costuma mudar o texto no avião – disse a fonte do governo brasileiro.
Lula deverá criticar duramente o protecionismo e os subsídios às exportações agrícolas das nações desenvolvidas. Essas barreiras estariam impedido o crescimento econômico dos países exportadores de produtos agrícolas.