O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura hoje a nova fase da Usina Termelétrica de Juiz de Fora (MG), a primeira do mundo a operar com etanol, além do gás natural. A conversão exigiu investimentos de R$ 45 milhões, para que a unidade passasse a operar como bicombustível. “A escolha desta unidade foi porque ela é composta por turbinas que são aeroderivadas, ou seja, que também são utilizadas em aviões. Outro ponto que nos fez optar por esta usina para fazer a conversão foi que ela detinha área para instalar todos os equipamentos necessários para efetuar esta conversão”, explicou o gerente executivo de operações e participações em energia da Petrobras, Alcides Santoro.
Com capacidade total para gerar 87 megawatts (MW), a usina instalada em Juiz de Fora teve uma das duas turbinas fabricadas pela General Electric (GE) – com capacidade para gerar energia para uma cidade de 150 mil habitantes – convertidas para o uso do etanol, e já está operando desta maneira desde o dia 31 de dezembro. A usina está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e tem contratos de fornecimento de energia até 2020.
A Petrobras foi levada a fazer esta conversão por vários fatores. O principal deles é a flexibilidade que a usina terá, por não utilizar somente o gás como combustível, mas ter um substituto a ele. “Consequentemente a esta flexibilidade, há também uma maior confiabilidade na sua geração”, disse Santoro, destacando ainda que há uma redução em torno de 30% na emissão de poluentes com o uso do etanol, em substituição ao gás natural. Segundo ele, a estatal vai obter créditos de carbono por conta desta conversão.
De acordo com a Petrobras, a conversão da turbina consistiu na troca da câmara de combustão, de dois bicos injetores e na instalação de equipamentos periféricos (sistema de recebimento, tanques, bombas e filtros) que permitem o recebimento, o armazenamento e a movimentação do etanol para a turbina. Cerca de 90% dos materiais e equipamentos para a infraestrutura de recebimento, armazenagem e transferência do etanol para a turbina são nacionais. Em relação aos equipamentos adquiridos para conversão da turbina, o porcentual é de 5%.
Ainda de acordo com Santoro, a conversão abre um novo mercado para a companhia. “A Petrobras pode e vai levar esta conversão de turbinas de etanol para o mercado externo”, destacou. Por várias vezes, a Petrobras informou ao mercado que o Japão tem interesse neste tipo de tecnologia e se prepara para fazer testes em suas unidades com o combustível derivado da cana-de-açúcar, que seria importado do Brasil.
Além disso, segundo o gerente, os testes que serão feitos em Juiz de Fora vão servir de base para a conversão de outras usinas para a utilização também de etanol. Os testes na usina de Juiz de Fora terminam em maio, quando a Petrobras terá base para analisar se vai ou não promover a conversão nas usinas, disse o gerente.