O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evocou as grandes parcerias futebolísticas da história do País para ressaltar a importância da associação entre a Petrobras e a General Eletric (GE) para a conversão da primeira turbina de uma térmica no mundo com a utilização de bicombustível (etanol e gás natural).
“Por enquanto eles (países desenvolvidos) tratam o etanol como se fosse coisa de terceiro mundo. Mas em breve vão ter de encarar que o que a Petrobras e a GE estão fazendo são como as parcerias de Pelé e Coutinho, Dirceu Lopes e Tostão, Cerezo e Paulo Isidoro, Zico e Junior, Garrincha e Didi”, enumerou o presidente, que pouco antes havia recebido uma camisa número 10 do time de Juiz de Fora, o Tupi.
Durante todo o discurso, Lula evitou fazer menções políticas e se ateve ao desenvolvimento da cadeia do etanol ao longo dos anos. Ele não mencionou a ausência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e sequer expressou qualquer reação quando o público presente (formado por trabalhadores da usina, empresários e políticos locais) ensaiaram uma vaia quando o nome do governador foi citado no descerramento da placa inaugural da usina.
Elevando as vantagens do etanol em relação aos demais combustíveis, o presidente também sequer citou a atual situação do País, em que o álcool deixou de ser vantajoso em relação à gasolina na maior parte dos Estados, inclusive em São Paulo, o maior produtor; ou mesmo o fato de a mistura de etanol ter sido reduzida na gasolina, da proporção de 25% para 20%.
Passeando pela trajetória histórica do combustível no País, Lula arrancou gargalhadas do público ao lembrar jocosamente da época em que o motor com etanol apresentava dificuldades para arrancar pela manhã.
“Era um tal de chamar a mulher os filhos para ajudar a empurrar o carro”, lembrou, voltando a fazer menção à figura da família ao destacar que hoje em dia o mundo foi chamado para pagar a conta do desenvolvimento de combustíveis alternativos e menos agressivos ao meio ambiente. “O que todo mundo quer saber é quem vai pagar a conta. É como aquele almoço de família, em que vai a sogra, o cunhado, as crianças, e na hora que a conta chega, sempre tem aquele que corre para o banheiro e nunca mais volta”, brincou.
O presidente também citou o “excelente momento” que o Brasil está vivendo e comparou a atual situação econômica com o passado recente, anterior ao início de sua administração.
“Tem época na casa da gente, na família da gente, no trabalho, parece que tudo dá errado. O marido e a mulher estão brigando, o salário nunca dá para atender as necessidades da família, a cidade não está bem. O Brasil passou muitas gerações vivendo esta realidade. Muitas gerações não tinham notícias de criação de emprego, ou de vagas na universidade brasileira. Mas só para se ter ideia do que aconteceu com o Brasil nos últimos anos, na década de 80, nós tínhamos 54 mil empresas de consultorias de engenharia, e em 2002, apenas 8 mil. Ninguém mais estava estudando engenharia, estavam indo para o mercado financeiro. Todo mundo estava desacreditado”, afirmou.
Segundo ele, a partir de 2003 e 2004 é que o País começou a “acordar para a realidade”. “Já havia a proposta de muitos sindicatos para utilizar a base de um combustível limpo nos carros, mas havia sempre muita cisma pelo passado. Até que depois de muita discussão, a indústria automobilística brasileira resolveu anunciar a fabricação de carros flex. Antes a palavra flex era muito utilizada para falar de flexibilidade no mundo do trabalho. Ou seja, facilitar a dispensa dos trabalhadores brasileiros, mas apenas depois desta época, desta revolução, é que a palavra flex passou a ser utilizada para gerar empregos”.