Lula reajusta o salário mínimo para R$ 240

O novo salário mínimo para o trabalhador brasileiro, em vigor a partir de hoje (1.º de abril) é de R$ 240,00, aumento de 20% sobre os R$ 200 que vinham vigorando até então. O anúncio foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pagamento do novo valor será feito a partir de maio para os aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Segundo a Previdência, dos 21 milhões de beneficiários do INSS, 14 milhões recebem um valor correspondente ao mínimo.

A manutenção do reajuste do mínimo em 1.º de abril não agradou o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), por exemplo. Paim queria que o mínimo voltasse a ser reajustado em 1.º de maio. Na gestão de Fernando Henrique Cardoso, o mínimo passou a ser reajustado em 1.º de abril.

“Sempre defendi que o mínimo fosse reajustado em 1.º de maio, Dia Internacional do Trabalho. Reajustar o mínimo em 1.º de abril foi uma brincadeira de mau gosto com os aposentados, pois a data é conhecida como o Dia da Mentira”, disse Paim.

Além do reajuste em 1.º de maio, o presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), João Rezende Lima, disse que quer unificar a data-base dos aposentados. No governo FHC, a data-base dos aposentados foi dividida em duas: 1.º de abril (para quem ganha o mínimo) e 1.º de junho (para quem recebe acima do mínimo).

“Entendemos que 1.º de maio é tradicionalmente a data de reajuste dos aposentados. O ministro da Previdência [Ricardo Berzoini] disse que tentaria unificar as datas. Esperamos que possa ser a partir de 2003”, afirmou.

Servidores

O reajuste dos servidores públicos da União também deve ser anunciado esta semana. Pelas simulações do Planejamento, o reajuste poderia variar de 2,35% (linear e para todos) a 4% (somente para quem não teve reajuste em 2002).

Segundo técnicos do Planejamento, o governo pretende aplicar um reajuste linear para todos, pois muitas categorias profissionais ficariam sem aumento devido às correções salariais recebidas em 2002. O problema é encontrar uma forma de conceder um reajuste linear superior a 2,35%, já que os servidores entregaram no começo do ano uma reivindicação de 46,9% de aumento.

Sindicalistas e políticos

Os sindicalistas elogiaram a iniciativa de receberem em “primeira mão” o anúncio do aumento do salário mínimo (R$ 240) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início da tarde de ontem, em Brasília. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, afirmou que o novo valor não era o pretendido pelas centrais, mas supera a inflação em todo o ano passado. Ele elogiou também o fato de Lula se comprometer a dobrar o valor até o fim do seu mandato.

“Mais importante do que falar no valor agora do salário mínimo é reafirmar a intenção que ele assumiu na campanha, de dobrar o valor real do salário mínimo em quatro anos”, disse Marinho, que também preside o Consea (Conselho de Segurança Alimentar).

A CUT (Central Única do Trabalhador) sugeriu a Lula que reajustasse o mínimo a cada seis meses, e ele ficou de estudar a proposta.

O ex-presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também elogiou o fato de Lula ter anunciado primeiro aos sindicalistas. Segundo ele, o valor não agrada aos trabalhadores, mas é o possível no momento.”Eu já fiz marcha a pé de São Paulo a Brasília para aumentar o mínimo.”

“Não é o que queríamos, mas é razoável, porque tem alguma coisa de aumento real. Não é um grande número, mas ele se comprometeu a dobrar o salário mínimo. Nós saímos razoavelmente satisfeitos”, disse.

PFL quer mais

O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), afirmou ontem que o partido vai tentar alterar, na medida provisória a ser encaminhada ao Congresso pelo governo, o valor do salário mínimo. Segundo Aleluia, o governo esqueceu de tudo o que pregou durante a história do PT e concedeu uma “mera reposição do poder de compra”. Segundo Aleluia, o partido já tem um projeto que eleva o valor do mínimo para R$ 300.

Ele disse que o PFL deverá apresentar emendas à proposta do governo elevando o valor de R$ 240 para R$ 260 ou R$ 280.

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