Brasília
– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem o Plano Safra para a Agricultura Familiar e oficialização de R$ 5,4 bilhões aos agricultores de pequenos porte. Além disso, Lula disse que pediu ao ministro Miguel Rossetto um plano para a reforma agrária, a ser anunciado “logo”. Anteontem, 18 áreas tidas como improdutivas pela Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Pernambuco (Fetape) foram ocupadas por 500 famílias ligadas à entidade.Esta semana, Humberto Sá, porta-voz do Primeiro Comando Rural (PCR), afirmou que proprietários rurais de São Paulo e Paraná estão armando milícias contra agricultores sem-terra. Lula, que defende a paz no campo e uma reforma agrária justa, afirmou que o governo federal está calmo quanto ao desfecho dos conflitos por terra no campo. “Estamos tranqüilos porque vamos fazer todos os projetos que prometemos. Fora de hora, não acontece. Tudo precisa ser muito bem pensado”.
Além disso, Lula disse que a reforma agrária é um compromisso seu. “Esse é o sentimento, o desejo, compromisso moral, político e ético de minha vida e de meu governo. Mas em política, de vez em quando, a gente é obrigado a atacar uma frente de cada vez”, declarou o presidente.
O presidente afirmou que, entre as 56 medidas anunciadas no Plano Safra, a valorização de jovens e mulheres está entre os pontos principais. Conforme o presidente, as mulheres poderão contrair créditos ao mesmo tempo que seus maridos, para desenvolver projetos próprios. “Assim, ela não fica dependente do marido”.
Lula também garantiu que a nova linha de crédito lançada hoje promove oportunidades para os jovens, que podem aproveitar sua juventude nos estudos para, depois, ajudar a família. O presidente afirmou que é preciso criar novas oportunidades de trabalho e promover a melhoria da qualidade dos alimentos. O presidente disse que as famílias que são assentadas precisam ter boas condições de produção. “Esse é um sonho que vamos realizar”.
Lula encerrou seu discurso desejando boa sorte aos pequenos produtores e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, e pediu ajuda “a quem conhece a agricultura familiar” para fiscalizar se o novo o Plano Safra para a Agricultura Familiar vai funcionar mesmo. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse que o governo Lula está democratizando o acesso ao crédito para a agricultura. “São R$ 5,4 bilhões no mais completo plano para a agricultura familiar. Estamos democratizando o acesso ao crédito”, disse.
Segundo Rosseto, a grande novidade é que os agricultores passam a ter um cartão com validade para seis anos. “São medidas que facilitam o acesso ao crédito e concretizam o que defende o presidente Lula, que quer melhorar a renda dos pequenos agricultores. (mais informações na página 12)
MST: “As invasões vão continuar”
Brasília – Um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, garantiu que as invasões de terra no Brasil irão continuar. “As invasões não são contra o governo. São contra o latifúndio. E nós encaramos essa atitude da mesma forma como uma greve dos servidores públicos”, afirmou João Paulo.
Ele reconhece que o País nunca teve um plano de reforma agrária, mas cobra o atraso de uma apresentação concreta de propostas do governo federal. “Ainda não recebemos um convite para um encontro com o presidente Lula. Quando isso acontecer, logicamente que aceitaremos, até porque não éramos recebidos pelos governos anteriores. Nós queremos algo concreto, com metas definidas”.
O líder do MST declarou ainda que as invasões só vão diminuir quando aumentarem o número de famílias assentadas. Ele teve o cuidado, no entanto, de elogiar o trabalho do ministro Miguel Rossetto e afirmar que, ao lado do ministro da Casa Civil, José Dirceu, ambos estão tendo tratamento muito correto e tranqüilo nas negociações com o MST.
O presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, acusou ontem o MST de oferecer R$ 50,00 por mês, mais uma cesta básica às famílias que se transferem para seus acampamentos no Pontal do Paranapanema.
