Brasília (AG) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os empresários a investirem mais no País no atual momento de retomada do crescimento econômico e pediu aos trabalhadores otimismo e fé com o mercado de trabalho, embora reconheça não ser possível acabar com o desemprego “do dia para a noite”. A hora é de otimismo -disse Lula em seu programa quinzenal de rádio “Café com o Presidente” – e não de “choramingar”, porque o País já conquistou o crescimento este ano e precisa deste pacto para seguir adiante.
Lula gravou seu pronunciamento de rádio (que foi apresentado ontem) domingo, antes de embarcar para a África:
“Lógico que sei que ainda há muitas pessoas desempregadas. Mas também as pessoas compreendem que não é possível arrumar todos os empregos do dia para a noite. O que queremos garantir ao povo brasileiro é que a economia vai crescer durante muitos anos seguidos. Vamos crescer porque o Brasil precisa disso.”
Para garantir esta expansão, o presidente afirmou que convocará os empresários a investirem mais. Na semana passada, o governo sofreu um desgaste ao propor o aumento da contribuição previdenciária das empresas para custear o pagamento da dívida de R$ 12,3 bilhões com aposentados e pensionistas, mas desistiu da proposta depois das críticas de empresários e parlamentares.
“Temos que trabalhar mais, com mais seriedade, passar mais otimismo, convocar os empresários brasileiros a contribuírem mais, a fazerem mais investimentos. Pedir para os trabalhadores brasileiros terem fé, serem mais otimistas, porque é assim que a gente constrói uma nação”, disse Lula.
No caso do emprego, o presidente lembrou que estão sendo geradas tanto vagas formais (1,034 milhão no primeiro semestre) como no mercado informal. Ele argumentou que esse dinamismo é fruto do aquecimento da indústria e do aumento do consumo no comércio. Ao pedir mais fé aos trabalhadores no futuro do País, Lula afirmou que o Brasil tem uma classe trabalhadora excepcional:
“Junto com o crescimento da oferta de trabalho vem o crescimento da renda do trabalhador. E o que acontece? Aumenta o consumo. E a economia brasileira então começa a mostrar, de forma muito positiva, que já conquistamos no ano de 2004. E isso não foi à toa, foi muito investimento, com muito dinheiro para a agricultura familiar”, disse Lula, citando que este ano o governo está liberando R$ 7 bilhões para o Programa Nacional para a Agricultura Familiar (Pronaf) e garantiu que “não faltará dinheiro”.
Lula alertou, mais uma vez, à necessidade de se evitar o otimismo exagerado e criticou os governos anteriores.
“Não temos que parar e ficarmos achando que está tudo resolvido. Acredito que este País precisa recuperar o tempo perdido, o tempo em que a elite brasileira, os governantes brasileiros se achavam inferiores ao mundo desenvolvido. Temos que mostrar que o Brasil não deve nada a ninguém. Só tenho que acreditar que o Brasil encontrou o seu caminho e que precisa dar uma chance a si mesmo”, disse Lula.
“Não tem volta. Não tem lugar para pessimismo. Não tem lugar para choramingar.”
Ao falar do acordo para pagar a dívida de R$ 12,3 bilhões com os segurados do INSS, Lula mais uma vez agradeceu a compreensão de aposentados e pensionistas em torno da proposta, que prevê o pagamento parcelado em até oito anos dos atrasados e a correção de 39,67% a partir de setembro.
“Lógico que não poderíamos dar todo o dinheiro de uma vez. Não podemos criar um rombo no Orçamento, que não permita que a gente cumpra outras obrigações que temos com o Brasil”, disse Lula.
O presidente ressaltou que está pagando uma dívida recebida do governo anterior, porque a correção é de perdas relativas a 1994: “Depois de dez anos de espera, fizemos Justiça, aquilo que os aposentados brasileiros esperavam do governo.”