O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo na noite de segunda-feira (20) aos empresários mais importantes do País para que não deixem de acreditar no Brasil e para que continuem com os investimentos programados antes da crise financeira mundial. Durante a entrega do prêmio “As Empresas Mais Admiradas do Brasil 2008”, realizado pela revista Carta Capital, o presidente disse para que os empresários seguissem o exemplo do presidente da Vale, Roger Agnelli.
“Este País não vai ser vítima como foi das outras vezes”, enfatizou o presidente, em referência a crises anteriores que abalaram o Brasil. “Nós sabemos o que representa esta crise, a quantidade de trilhões que estão envolvidos nela, o que está acontecendo no sistema financeiro. Mas nós sabemos também que a melhor maneira de enfrentá-la não é choramingando, é trabalhar, e trabalhar cada vez mais para que o Brasil, ao término da crise internacional, se coloque definitivamente como País mais preparado para obter, quem sabe, os investimentos e aproveitar as oportunidades que irão se apresentar para nós no próximo ano”, acrescentou.
Lula voltou a dizer que o governo fará tudo que tiver que ser feito para garantir crédito e liquidez ao País, para que o sistema continue a funcionar, para que as empresas possam produzir e para garantir que o povo tenha acesso ao crédito. E mandou um recado veemente aos seus oponentes. Sem citar nomes ele disse: “É assim que nós venceremos mais uma crise e conseguiremos tirar o Brasil mais uma vez do desespero a que alguns querem levá-lo”.
O presidente disse que é preciso ousadia e cabeça erguida para enfrentar a crise, e ressaltou que os países emergentes e os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguirão tirar o mundo de uma situação causada pelos países mais ricos. Ele lembrou que há um ano foram feitos os primeiros discursos a respeito do subprime americano e que só agora foram tomadas medidas para resolver a situação. Lula disse ainda que pretende fortalecer o mercado interno e que “não faltará um real para nenhuma obra do PAC até 2010”. Ele admitiu que o Brasil não está livre da crise, mas alertou que ela está sendo acompanhada de perto e que até agora o País passou incólume.
O presidente comparou a crise à trajetória da sua vida. “Eu não sou amante de crise, mas a crise motiva a gente a sobreviver”, declarou. Ele disse ter sido gestado em crise, uma vez que seu pai abandonou sua mãe antes mesmo de nascer. Ao conhecer seu pai, encarou uma nova crise, ao constatar que ele tinha uma outra família. “Imagine quantas crises até chegar à Presidência da República, o que venci de preconceito e adversidades”, disse.
O presidente Lula fez o discurso perante oito ministros e cinco governadores e de empresários da Vale, Natura, Petrobras, Gerdau e outras grandes empresas.