O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que sempre vai haver recurso disponível para os bons projetos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Não tem esse negócio de dizer que não tem dinheiro para a Embrapa. Se tem um bom projeto, com consistência, tem dinheiro”, disse. “Não haverá limite para a Embrapa continuar sendo referência mundial”, completou o presidente, em discurso durante almoço de transmissão do cargo para o novo diretor-presidente da empresa, Pedro Arraes.
Lula destacou as qualidades da Embrapa e dos projetos desenvolvidos por ela e elogiou Sílvio Crestana, que está deixando o cargo de diretor-presidente da empresa. O presidente contou que, quando foi buscar informações sobre o nome de Crestana, disseram que ele não deveria chamá-lo porque ele era de “direita, conservador e ligado ao agronegócio”. No entanto, contou, preferiu conhecê-lo pessoalmente e acabou aceitando sua indicação para o cargo. “A Embrapa é tão querida que ninguém tem o direito de manipulá-la por interesse político partidário”, disse o presidente, elogiando a gestão de Crestana.
Sobre Pedro Arraes, Lula disse que, quando foi escolher o nome do novo diretor-presidente da Embrapa, ficou sabendo que Arraes era especialista em feijão e arroz. “O que eu quero mais dele se ele é especialista nas coisas que o brasileiro mais gosta?”. O presidente disse ainda que, quando conversou pessoalmente com Arraes, “rolou uma química”. “Tem gente que pensa que essa coisa de química é só para sexo. Mas não é não. Em amizade, também tem química”, disse.
Sobre os planos para a Embrapa, Lula disse que quer expandir a atuação da empresa para a América do Sul, América Central e países da África. Ele contou ainda que países como França e Japão já querem fazer projetos conjuntos com a Embrapa.
Pedro Arraes afirmou que dará continuidade ao trabalho de seu antecessor e aprofundará questões consideradas prioritárias para a empresa. “Darei continuidade à agricultura tropical e ampliarei a eficiência e o desenvolvimento científico”, afirmou no discurso de posse.
Arraes ressaltou que, durante encontro com o presidente Lula para tratar de sua nomeação, há 10 dias, recebeu três orientações do presidente: a de que a marca da Embrapa tem de ser sempre a competência técnica; a de que o Brasil é um País plural e que, portanto, a Embrapa também tem que agir desta forma; e a de que o Brasil tem que aumentar a sua contribuição científica para o mundo. “Tudo isso é música para nossos ouvidos”, afirmou Arraes. Ele enfatizou que o total de recursos recebidos para o PAC Embrapa revitalizará a empresa para os próximos 35 anos, em referência ao fato de a empresa ter completado recentemente 35 anos. “Esta é realmente a joia da coroa, como diz o presidente”, declarou.
No discurso de despedida, Silvio Crestana destacou a independência da empresa que, segundo ele, passou a ser administrada por equipes técnicas. “O presidente Lula blindou a empresa da ingerência política partidária nefasta e a constituiu uma instituição técnica”, disse Crestana. Segundo ele, é possível fazer essa avaliação neste momento, pois já deixou o cargo e não sofrerá qualquer retaliação. “Nem eu nem Pedro Arraes fomos chamados para nos filiar a nenhum partido para sermos presidente da Embrapa”, disse.
Segundo ele, foi uma injustiça dizer que no início do governo Lula a Embrapa foi aparelhada, em referência a um possível loteamento de cargos por partidos políticos. Crestana ressaltou também que, desde o início do governo Lula, os recursos destinados à Embrapa duplicaram, passando de R$ 800 milhões em 2003 para pouco mais de R$ 1,5 bilhão neste ano. Além disso, ressaltou que o quadro de funcionários da companhia já se aproxima novamente de 10 mil empregados. “O quadro estava envelhecendo e diminuindo”, disse.
Febre aftosa
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, previu que até o final do próximo ano todo o Brasil estará livre da febre aftosa com vacinação, exceto o Estado de Santa Catarina, que já é livre sem vacinação. Com isso, Stephanes acredita que há espaço para abertura de novos mercados importadores para a carne bovina brasileira. Ele citou como exemplo o Japão, que até hoje se nega a comprar o produto alegando a presença da doença.
O ministro lembrou que é preciso melhorar e a ampliar a vacinação em parte do Nordeste, no norte do Pará e Amazonas, que possui uma produção pequena. “Com isso, as restrições dos mercados internacionais desaparecem”, disse o ministro. Stephanes fez as declarações a jornalistas antes do início da cerimônia de posse do novo presidente da Embrapa.