Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não fará nenhuma “aventura descabida” durante seus quatro anos de mandato. “Eu sei o que pesa no meu ombro se não fizer as coisas que eu acredito, e eu não quero fazer nenhuma aventura descabida. Tem milhões de brasileiros passando necessidades e nós temos a responsabilidade de cuidar deles como se fossem nossos filhos”, afirmou. Para isso, segundo o presidente, é preciso fazer a economia crescer, gerar empregos e distribuir renda. “Com políticas paliativas a gente não resolve o problema da economia de um país”, disse.
Lula afirmou que fará todo o esforço que estiver ao seu alcance, com a maior seriedade, para que o crescimento econômico, iniciado no final do ano passado, não seja uma bolha de crescimento. “Nós queremos um crescimento sustentável, com políticas consistentes de governo e, sobretudo, com muito diálogo, muita conversa e muitos acordos”, disse Lula.
O Brasil, segundo Lula, se habituou a conviver com a inflação e com planos econômicos que buscavam a estabilidade econômica. Lula afirmou que nenhum desses planos se sustentou porque eles foram criados de “afogadilho, como se fossem tábua de salvação”, não tiveram a seriedade necessária. “Vocês vão perceber que nós somos a primeira experiência que está levando o País à estabilidade sem inventar nenhum plano econômico. Não existe um plano Lula, um plano Palocci, um plano Rigotto ou um plano Tarso Genro. O que há, na verdade, é o compromisso da seriedade com a coisa pública”, afirmou. O presidente ressaltou que o governo precisa passar credibilidade não só para os trabalhadores ou para o povo que o elegeu, mas também para atrair investimentos estrangeiros.
Quando viaja para o exterior, o presidente disse que, além de incentivar empresários nacionais a exportarem, ele convida empresas multinacionais a investirem no Brasil. “Muitas vezes se vende lá fora uma idéia de um Brasil carnavalesco, o que é bom. A idéia de um Brasil futebolístico, que é, e por isso somos pentacampeões mundiais. Mas é preciso vender também a imagem de um Brasil sério, com homens públicos comprometidos com os interesses nacionais”, afirmou.
O pronunciamento do presidente foi feito após uma reunião dele com o presidente mundial da General Motors (GM), Richard Wagoner. A GM anunciou investimentos de US$ 240 milhões na fábrica localizada em Gravataí, Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O investimento irá praticamente dobrar a produção da fábrica, que hoje é de 120 mil carros por ano e passará para 210 mil unidades anualmente.
Devem ser criados 1,5 mil empregos diretos. “Não tenho dúvida nenhuma que este investimento se deve ao fato de nós termos mão-de-obra qualificada, de que nós temos um mercado consumidor potencial extraordinário e, sobretudo, porque vocês acreditam que o Brasil entrou na sua fase de crescimento sustentável”, disse Lula ao presidente da GM.
Lula troca GM por Mercedes-Benz
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou ontem, por duas vezes, o nome da montadora General Motors pelo da concorrente Mercedes-Benz. A troca aconteceu durante o seu discurso no evento, ocorrido no Palácio do Planalto, de oficialização pela GM de um novo investimento no valor de US$ 240 milhões para a expansão de sua fábrica em Gravataí (RS).
Logo no início de sua fala, Lula, que estava ao lado do presidente mundial da GM, Rick Wagoner, trocou pela primeira vez o nome das duas montadoras. Na segunda troca, que provocou o riso de Wagoner, Lula decidiu explicar-se pela confusão.
“Vou dizer por que falei duas vezes Mercedes-Benz (ao invés de GM). Fui a um encontro com 220 empresários, de 24 países, e o discurso que o presidente da Mercedes-Benz fez em defesa dos investimentos no Brasil, nem o Luiz Marinho (presidente da CUT) faria melhor na porta da fábrica”.
Depois de seu esclarecimento, Lula voltou-se para a diretoria da GM e disse ter certeza de que a companhia tem a mesma opinião da sua concorrente.