Lula fala amanhã no Fórum de Davos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve encontrar-se com empresários na sexta-feira (26), às 11h, logo depois de falar no Fórum Econômico Mundial. O encontro com empresários é no luxuoso hotel Schweizerhof.

O presidente estará acompanhado, na conversa com os empresários, pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, e de Relações Exteriores, Celso Amorim, além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Lula deve falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado na segunda-feira, e sobre oportunidades de investimento no Brasil. Os ministros Mantega e Furlan vão detalhar as informações e o chanceler Amorim falará sobre as perspectivas das negociações internacionais de comércio.

O presidente deve chegar a Davos hoje à tarde. À noite deve comparecer a uma recepção oferecida pelo cientista Nicholas Negroponte, diretor do programa Um Laptop por Criança. O governo federal ainda planeja distribuir computadores baratos a crianças das escolas públicas, informou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan. O governo deveria ter lançado o programa em abril do ano passado.

O Brasil, segundo Furlan, poderá participar da produção do equipamento. A idéia inicial era apresentar um computador de US$ 100. O preço efetivo deverá chegar a US$ 160 e o País poderá produzir inicialmente um milhão de unidades.

Lula deve participar também de uma sessão sobre a América Latina, talvez com a presença do novo presidente mexicano, Felipe Calderón, e de uma reunião fechada com líderes empresariais e políticos de vários países para discussão de temas de atualidade.

Ignorados

Ao contrário do encontro anterior (há quatro anos), quando Lula foi o centro das atenções, desta vez o Brasil e a América Latina vão sofrer para se destacar. O País e o continente foram totalmente ignorados ontem no debate sobre a economia global que tradicionalmente marca a abertura do encontro anual. O foco, além dos Estados Unidos, Europa e Japão, recaiu sobre a China e a Índia, considerados pela maioria dos analistas os dois países emergentes capazes de terem um impacto sobre a economia mundial nos próximos anos. A única menção ao Brasil no debate não foi espontânea.

Ela ocorreu quando um jornalista brasileiro perguntou aos palestrantes sobre as perspectivas do País. O professor Nouriel Roubini, presidente da consultoria Roubini Global Economics, fez uma avaliação semelhante à que domina os investidores e analistas estrangeiros. ?O Brasil precisa aumentar seu potencial de crescimento através de mais investimentos?, disse. ?Mas para isso precisa promover profundas reformas estruturais que melhorem sua situação fiscal.?

O ex-governador do Banco Central de Israel e vice-presidente da seguradora American International Group lembrou que o presidente Lula, ao participar do Fórum de Davos poucas semanas após assumir seu primeiro mandato em 2003, tranqüilizou os mercados ao garantir a manutenção da estabilidade macroeconômica do país. ?Vamos ver agora o que Lula vai nos dizer dessa vez?, disse Frenkel.

Instabilidade do petróleo coloca em risco a economia mundial

Davos (AE) – Várias ameaças pairam sobre a estabilidade econômica mundial nos próximos anos: um recrudescimento do protecionismo comercial, terrorismo, tensões geopolíticas ou a enorme distância entre o déficit em conta corrente dos Estados Unidos e o superávit da China. Mas no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, ficou claro que para a elite econômica internacional, um dos riscos mais iminentes continua relacionado aos preços do petróleo, que se retomarem sua trajetória de alta, poderão aprofundar a desaceleração econômica nos Estados Unidos, com um impacto em todo o mundo. Sem falar sobre o efeito ?cascata? que isso poderia ter sobre os preços de outras commodities, como os metais, criando problemas para vários países emergentes.

A principal âncora do otimismo dos mercados com a economia global em 2007 continua sendo a aposta que os Estados Unidos terão um ?pouso suave?, ou seja, uma leve queda no ritmo de atividade sem pressões inflacionárias que exijam um aperto excessivo na taxa de juros. A forte queda dos preços do petróleo nos últimos meses, que se aproximaram dos US$ 50 por barril, foi um fator crucial para fortalecer essa aposta.

Mas como alertou ontem o economista Nouriel Roubini, presidente da consultoria Roubini Global Economics, durante um debate realizado em Davos, nada garante que essa tendência se manterá por muito tempo. Nesta semana, por exemplo, o preço da commodity voltou a subir próximo dos US$ 55 por barril devido à chegada do frio intenso no Hemisfério Norte e plano anunciado pelo presidente George Bush de dobrar o tamanho das reservas estratégicas do petróleo norte-americanas.

?Acho que veremos o barril voltando ao patamar dos US$ 60 e isso poderá ter implicações negativas para os Estados Unidos e o mundo?, disse Roubini. Outros analistas acrescentaram que o petróleo continua sensível às questões geopolíticas, impossibilitando qualquer previsão segura sobre o comportamento dos preços, mesmo no curto prazo.

Emergentes

Para os países emergentes, um repique nos preços do petróleo teria um impacto diversificado. No caso de uma alta moderada, os importadores da commodity seriam prejudicados enquanto os produtores, como os países do Oriente Médio, Rússia, Venezuela e Nigéria, ampliariam seus ganhos. Mas se a alta for forte, superando o patamar de US$ 70 por barril que prevaleceu no primeiro semestre de 2006, todos seriam afetados negativamente devido ao impacto inflacionário nos Estados Unidos e outras economias relevantes para o mundo.

?Independentemente se um país emergente é exportador ou importador, um petróleo mais caro seria negativo para a inflação ?, disse Philip Polle, chefe de pesquisa de mercados emergentes do banco HSBC. ?Ele teria um impacto mais rápido em alguns países do que outros, dependendo do grau de controles administrativos e de subsídios de cada mercado.?

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