O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, em entrevistas a um jornal francês e a duas agências de notícias russas, que as quatro maiores economias emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia e China, formadores do grupo chamado Bric) “estarão na linha de frente na retomada da atividade econômica mundial”. A declaração faz parte das entrevistas publicadas hoje e divulgadas pelo site da Secretaria de Imprensa da Presidência.

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Ao jornal econômico francês “Les Echos”, Lula afirmou que “graças ao bom desempenho de suas economias, (os emergentes) têm dado sua contribuição para que o mundo supere os efeitos da crise”. E voltou a criticar o comportamento de profissionais do mercado financeiro. “(A crise) é uma situação provocada pela falta de controles e limites para essas operações especulativas. É bom lembrar que tudo isso ocorreu sob as bênçãos dos adoradores do mercado, que foram os primeiros a correr atrás da proteção do Estado quando a crise mostrou sua verdadeira dimensão e bancos de investimento começaram a quebrar”, afirmou.

Às agências de notícias russas RIA-Novosti e Itar-Tass, o presidente lembrou que os emergentes “estão enfrentando as dificuldades da crise e vêm dando há vários anos forte contribuição para o crescimento global”. Ele também frisou que poucos são os países que “podem oferecer contribuição semelhante para o crescimento sustentável do mundo” como os Brics.

Outro ponto levantado pelo presidente nas entrevistas foi a ideia de substituição do dólar nas relações comerciais entre emergentes. Lula não negou a possibilidade de adoção das moedas locais nas relações comerciais, mas deixou claro que essa conversão não ocorrerá com a rapidez com que alguns economistas sugerem. Ao “Les Echos”, Lula afirmou que “a possibilidade de uso de moedas locais já é uma realidade entre o Brasil e a Argentina. Mas é uma realidade que demandou muito trabalho”.

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Para a agência Itar-Tass, Lula adiantou que já propôs ao presidente chinês Hu Jintao a conversão, mas disse acreditar “que é melhor construir essas alternativas por etapas, caso a caso”. O presidente também ressaltou que, no momento, o Brasil está mais concentrado em abrir diálogo com os chineses. E que, só no futuro, “há a possibilidade de (o País) avançar no assunto”.