O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (19) em Acra (Gana) que a elevação da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) não é motivo de nervosismo. Ele defendeu a autonomia do Banco Central para esse tipo de decisão.
"O Banco Central tem uma visão que,muitas vezes, não combina com setores da produção, que não combina com outros analistas econômicos. Há sempre uma divergência. Eu parto do pressuposto de que cada um de nós tem uma função no Brasil. Se o Banco Central entendeu que neste momento era preciso elevar a taxa de juros para evitar que a inflação se assanhasse, ele tomou essa decisão, vamos aguardar para ver o resultado", afirmou Lula. Ele lembrou que desde que assumiu o primeiro mandato, há uma pressão "pré-Copom" e disse que de 40 em 40 dias [prazo em que são realizadas as reuniões do comitê], haverá sempre uma nova polêmica.
Ele defendeu o equilíbrio entre consumo e demanda para evitar inflação. "Temos que ter um equilíbrio correto entre a vontade que o povo tem de comprar e a capacidade que a gente tem de produzir. Se nós permitirmos que haja um desequilíbrio muito grande, ou seja, se tiver mais demanda e menos oferta, nós criaremos um problema de inflação. Se tiver mais oferta e menos demanda, nós quebraremos as empresas".
O presidente negou, no entanto, que o objetivo do governo seja frear o consumo. "Nós queremos que o povo consuma. Nós queremos que as empresas produzam. E essas duas coisas combinadas permitem o crescimento da economia brasileira".
Lula chegou na manhã deste sábado (19) a Gana e foi recebido com honras militares pelo presidente John Kufuor. Depois, no palácio presidencial, teve reunião de terabalho com Kufuor, seguida de assinatura de acodos de cooperação técnica entre os dois países.