Lula diz que economia vai crescer este ano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não há nenhuma hipótese de a economia brasileira não crescer neste ano. Segundo ele, as regras já estabelecidas e as que estão sendo apreciadas pelo Congresso Nacional são a garantia desse desenvolvimento. “Eu quero dizer para vocês que não há como a economia brasileira não crescer este ano. Possivelmente não crescerá o tanto que nós gostaríamos, mas vai crescer e vai crescer de forma sustentável para que cresça mais no ano que vem, para que cresça mais em 2006 e para que cresça mais em qualquer momento”, afirmou.

Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, o presidente reconheceu que as taxas de juros no Brasil continuam altas, mas observou que são as mais baixas dos últimos 10 anos. “Todo mundo reconhece que é alta, do mais simples mortal brasileiro ao mais importante dirigente do País, todo mundo reconhece que a taxa de juros reais ainda é elevada, se comparada a outros países. Mas, para a taxa de juros ser baixa, é preciso que o País tenha solidez e tenha credibilidade”, assinalou.

O presidente disse que o Brasil nunca esteve tão próximo de sua meta de inflação, que é de 5,5%, como agora. Para manter a inflação sob controle, o presidente ressaltou que é preciso trabalhar com seriedade. “Com todas as críticas que possamos merecer e que a política econômica certamente merece, uma coisa vocês deveriam reconhecer: essa é a primeira vez na história do Brasil que estamos conquistando a estabilidade sem nenhuma invenção econômica. Na verdade, nós estamos apostando na credibilidade”.

Criticas e defesa

O presidente defendeu a política econômica do governo, criticada pelo próprio PT, e também defendeu as políticas de metas de inflação e juros, além de criticar o Plano Real, do governo FHC (1995-2002). “Fazer política de controle de preços como já foi feito no Brasil não dá certo. Nós podemos dizer que hoje estamos mais próximos de cumprir a meta de inflação de 5,5% que em qualquer outro momento.” Na semana passada, o PT divulgou documento em que defendia “mudanças na política econômica”.

A declaração foi entendida como um sinal de que o governo estaria sendo pressionado a mudar suas políticas de juros altos, a meta de inflação de 5,5% ou então a meta de superávit primário de 4,25% do PIB.

Lula, no entanto, descartou essas mudanças de rumo. “Vem alguém questionar por que é 5,5%, se não pode ser 6%. Quem quer que seja 6%, vai querer deixar chegar a 7%, 8%, 9%, e é impossível querer sempre um por cento a mais.”

Ele completou com uma metáfora: “É que nem uma criança na escola que sabe que a nota mínima é cinco e não estuda para tirar mais de cinco nunca. Chega no final do ano e fica de recuperação. Nós não queremos ficar de recuperação. Nós queremos combater a inflação porque ela gera prejuízo aos salários.”

Sem citar FHC, Lula também criticou a situação financeira deixada pelo antecessor devido à política de juros altos e citou mais especificamente a dívida de R$ 12,4 bilhões deixada por FHC com os aposentados. O governo Lula deverá pagar uma correção de até 39,67% a 1,8 milhão de pessoas que se aposentaram entre 1994 e 1997.

“O sucesso do Plano Real faz agora com que eu tenha que pagar uma conta de R$ 12,4 bilhões que não estão no orçamento. É como se chegasse no final do mês em uma fábrica e aparecessem mil funcionários que eu nem sabia que estavam contratados.”

Economia é muito conservadora

Empresários e sindicalistas criticaram a defesa da política econômica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião do CDES, no Palácio do Planalto. Minutos após Lula defender as metas de inflação e as taxas de juros definidas pelo Banco Central, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, disse que a política econômica continua “excessivamente conservadora”.

“Deveríamos aproveitar o bom momento em que o impacto da inflação é muito segmentado, o risco-país está em queda e há uma massa salarial reduzida, o que permite que não haja uma inflação de demanda”, disse Piva, defendendo a queda dos juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na próxima semana.

O presidente da Fiesp também questionou a meta de inflação estabelecida para este ano, de 5,5%. “Não quero discutir o regime de metas de inflação, mas a meta de 5,5%. Seria uma discussão muito útil para todos se avaliássemos se esse patamar é adequado.”

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PMDB-PE), disse que o PT não precisaria buscar o centro da meta de 5,5%, já que há uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

“Acho positivo que o presidente não faça concessões na política de controle da inflação, achando que um pouco de inflação é tolerável. Mas a meta que foi fixada tem uma banda, tem que haver flexibilidade dentro dessa banda sem seu comprometimento.” Ele lembrou que a taxa de juros necessária para cumprir o centro da meta deverá reduzir o crescimento da economia.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, também defendeu que o BC reduza os juros na próxima semana. “Com juros de 16,5% ao ano, um dos mais altos do mundo, ninguém investe na produção, todos põem dinheiro no banco e não há emprego.”

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