O presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue amanhã para Toronto (Canadá) para participar da reunião do G-20. No encontro, o presidente Lula pretende cobrar dos governantes compromissos com a retomada do crescimento da economia mundial, a reforma de poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI), o reforço das regras internacionais da regulação e supervisão do sistema financeiro e a conclusão da Rodada Doha de negociações comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em entrevista, o porta-voz do Palácio do Planalto, Marcelo Baumbach, disse que “no entendimento do presidente Lula, a retomada do crescimento da economia mundial é o melhor remédio para o desequilíbrio de contas públicas que está no cerne do atual momento de crise”. Nesse particular, prosseguiu Marcelo Baumbach, “o presidente levará à reunião o exemplo do Brasil que, ao manter altos índices de crescimento econômico, colocou a dívida pública em trajetória sustentável sem a necessidade de ajuste dramático de gastos”.
Ontem, durante almoço no Itamaraty com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, o presidente Lula declarou que “é preciso que o Banco Mundial e o FMI abandonem de uma vez por todas seus dogmas obsoletos e condicionalidades absurdas”. Acrescentou também que o maior equilíbrio do mundo de hoje é o que separa ricos e pobres e que o desenvolvimento da África, da Ásia e América Latina contribuirá diretamente para a promoção do crescimento global e a diminuição deste nefasto desequilíbrio”.
O porta-voz do Planalto comentou ainda que “é bastante significativo que, pela primeira vez, o tema comércio internacional seja objeto de toda uma sessão de debates. “O presidente Lula defenderá a necessidade de que os líderes mundiais demonstrem vontade política de intervir diretamente para levar à conclusão a Rodada Doha com o pacote que está sobre a mesa desde 2008”. Segundo ele, o presidente Lula entende que é preciso haver também vontade política para que possam ser realizados avanços importantes na definição e encaminhamento de compromissos já acordados pelo G-20 em ocasiões anteriores. Ele lembra que as decisões técnicas já foram tomadas na reuniões anteriores e que o momento é de se partir para as decisões políticas.
Lula embarca para Toronto amanhã à tarde e na manhã de sábado deverá ter reuniões bilaterais a serem ainda fechadas. Foram feitos contatos com os primeiros-ministros do Canadá, da Alemanha, do Reino Unido, da Austrália, o presidente da França, o secretário geral da ONU, além de representantes do IBAS, acrescido da Indonésia. O retorno ao Brasil está previsto para a noite de domingo.
Não houve nenhum contato para que Lula se reúna, separadamente, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Este será o primeiro encontro dos dois, depois da decisão do Conselho de Segurança da ONU de punir o Irã, medida que o Brasil e a Turquia trabalharam intensa e diretamente para evitar. No âmbito do G-20, o tema Irã não deverá entrar na pauta mas, certamente, será tratado nos encontros bilaterais a serem realizados.
