Lula defende bancos públicos e critica antecessores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia de entrega do prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional em homenagem a Celso Furtado, no Palácio do Planalto, para comemorar a atual situação dos bancos públicos. Também acusou os governos anteriores de quererem levar as instituições financeiras públicas à falência, para poder, em seguida, privatizá-las.

“Você sabe o que era o Basa, o BNB, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica? Eram bancos predestinados à falência. O orgulho nacional era publicar, no final do ano, déficit nestes balanços e, por trás do déficit, uma ‘propostazinha’ de vendê-los”, atacou Lula, ao comemorar que os bancos públicos fazem parte do desenvolvimento do País, concedendo créditos, inclusive e principalmente, às pessoas mais pobres, público que, assegura, é formado por bons pagadores. O presidente citou que o crédito em seu governo alcançou R$ 1,6 trilhão, ante R$ 380 bilhões no governo anterior.

Lula afirmou que “este País não quer mais ser um país de terceiro mundo ou emergente, mas um país desenvolvido”. Citou que os avanços chegaram a todas as regiões brasileiras e que a prova disso é a substituição dos jegues pelas motos nas cidades do Nordeste. O presidente citou o investimento de R$ 14 bilhões no programa Luz para Todos, destacando a influência dessa iniciativa também na vida das pessoas de classe média. Disse que quando as pessoas passam a ter acesso à energia elétrica, compram geladeira, televisão, liquidificador, movimentando toda a economia e gerando empregos para todos os segmentos da sociedade. “Houve desenvolvimento no comércio e na indústria”, disse o presidente.

Lula provocou risos na plateia ao afirmar que, no Nordeste, está prestes a ocorrer uma “revolução de jegues”, pelo fato de os animais terem sido substituídos pelas motos que invadiram as cidades daquela região e do interior do País. “Estamos com problema sério de garantir o empreguinho para o jegue, porque as pessoas estão trocando jegue por motocicleta. É só ir ao Nordeste para vocês verem. Logo vai ter uma passeata de jegue, pedindo que se interceda para que eles voltem a ter utilidade no Nordeste”, disse Lula. Logo em seguida afirmou que “isso é desenvolvimento regional, é garantir oportunidade para que todos, em qualquer lugar deste País, possam sobreviver”.

Lula citou ainda que com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) houve o maior processo de descentralização de investimento em obras no Brasil, como se fosse “um milagre da multiplicação dos pães”. Prova disso, salientou, é que nunca mais se ouviu falar das antigas frentes de trabalho, “quando os pobres ficavam carregando pedras de um lado para o outro, para ganhar R$ 30 por mês”. Destacou que esse valor foi suprido pelos programas sociais do governo, tão criticados por alguns setores.

“Era uma coisa sem futuro, sem perspectiva. Faz oito anos que a palavra frente de trabalho não existe no Nordeste. E não existe porque hoje há um programa que alguns chamavam de esmola, o bolsa família. Não existe por causa do aumento do salário mínimo, que alguns diziam que ia inflacionar o País e que a gente ia quebrar a Previdência. Não existe porque tivemos aumento por oito anos consecutivos da média salarial brasileira. Não existe por causa da criação de 15 milhões de empregos em oito anos. Ou seja, não existe mais a frente de trabalho porque este País melhorou”, declarou o presidente. Em seguida, Lula disse que “se deliciou” com uma matéria que leu nos jornais e dizia que a classe D já tem praticamente o dobro de alunos da classe A, “mas sem tirar uma única vaga da classe A”.

Em seguida, Lula repetiu: “uma grande lição que aprendi neste governo foi que a coisa mais barata e mais fácil é cuidar dos pobres”. Argumentou que “o pobre tem a vantagem de que, ao tomar um empréstimo, só tem ‘a cara dele’ como patrimônio para dar como garantia”, e por isso se preocupa em pagar. “Não era como antigamente, quando alguns tomavam dinheiro para produzir eucaliptos. Plantava uma muda aqui e outra em Mogi das Cruzes, dizia que estava plantando, e não tinha fiscalização.”

O presidente completou o discurso dizendo que se o País continuar no ritmo em que vive hoje, “a gente pode, daqui a dez anos, todos bem velhinhos, comemorar aqui que o Brasil, depois da Copa do Mundo e das Olimpíadas, virou um país desenvolvido e socialmente justo e um país regionalmente mais igualitário”.

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