O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado (19) que produtos que podem servir como alimento não devem ser utilizados para fazer biocombustíveis e criticou a produção de etanol a partir do milho pelos Estados Unidos. A opção norte-americana tem inflacionado o preço do milho e gerado problemas de abastecimento em países como o México, que depende do produto para ração animal.
As políticas de biocombustíveis só têm um equívoco, que é a decisão americana de produzir álcool do milho, disse Lula em seu primeiro compromisso oficial em Gana, no palácio presidencial.
Certamente que isso reflete no preço de um produto que é importante para a ração animal, que é o milho, justificou depois em conversa com a imprensa.
Respeitando a autonomia e a decisão de cada país, o que é recomendável é que a gente produza os biocombustíveis de produtos que não sejam alimento para a população, afirmou.
Mais uma vez, Lula refutou as críticas crescentes e incisivas – inclusive do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito alimentação, John Ziegler – de que a alta nos preços mundiais dos alimentos se deve produção de biocombustíveis.
Segundo o presidente, a culpa da elevação dos preços (45% nos últimos nove meses) se deve muito mais ao aumento do custo do frete, causado pela valorização do petróleo.
É muito estranho alguém fazer críticas aos biocombustíveis sem fazer nenhuma crítica ao barril do petróleo, que subiu de US$ 30 para US$ 103", afirmou.
O presidente defendeu a produção de energia limpa como oportunidade de desenvolvimento dos países mais pobres e negou que isso comprometa a produção de alimentos.
No caso do Brasil, nós estamos provando que é possível produzir biodiesel e aumentar a produção agrícola, sobretudo na área de grãos, frisou.
Acho que teríamos um problema grave se produzíssemos muito alimento e não tivéssemos para quem vender, ponderou, frisando que o atual desafio é produzir mais alimentos para dar conta do crescimento da demanda no mundo.
O presidente aproveitou para criticar o protecionismo dos países ricos. Pediu o fim dos subsídios concedidos pelas nações desenvolvidas aos seus agricultores e a abertura dos mercados desenvolvidos para produtos agrícolas dos países mais pobres.
Alguns países ricos nâo têm mais como aumentar a sua produção agrícola. Então, obrigatoriamente, eles terão que olhar para o continente africano, terão que olhar para a América Latina e perceber que somos nós que temos terra, somos nós que temos as condições de suprir as necessidades do crescimento da demanda por alimento no mundo, afirmou.