A visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Chile, ontem, começou pontualmente às 11h (12h em Brasília), em Santiago, com uma cerimônia de oferenda floral no altar da pátria onde fica o monumento ao libertador chileno general Bernardo O?Higgins. O presidente brasileiro foi recebido com honras militares e seguiu direto para uma reunião privada com o presidente Ricardo Lagos no Palácio de La Moneda, sede do governo.
Na visita, os dois governos assinaram uma série de acordos para a promoção de comércio e investimentos mútuos e de cooperação em ciência, tecnologia e meio ambiente. Também foi assinado um ato para cooperação agrícola envolvendo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura).
No início tarde, o presidente Lula foi ao Congresso Nacional onde foi recebido pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.
Fundo da fome
Junto com Lagos, Lula pretende dar impulso às discussões para a criação de um fundo mundial de combate à fome e à miséria.
Mas grande parte da atenção estará voltada para assuntos comerciais. Lula traz consigo uma comitiva de empresários que participarão do seminário “Como fazer negócios com o Brasil”, que será aberto hoje pelo presidente.
“Queremos exportar mais para o Chile, mas também importar mais”, diz o embaixador brasileiro em Santiago, Gelson Fonseca Júnior, em referência ao programa do governo que tem o objetivo de dar preferência à importação de produtos sul-americanos para incrementar o comércio com esses países da região.
Membro associado do Mercosul, o Chile teve, em 2003, um déficit comercial de US$ 1 bilhão com o Brasil. Cerca de 10% das importações chilenas são provenientes do Brasil, mas apenas 4% das exportações do Chile têm o mercado brasileiro como destino.
Conselho de Segurança
A política, nos âmbitos internacional e regional, também será um dos temas das conversas do presidente Lula com o colega Ricardo Lagos.
Os dois países têm estreita cooperação na missão de paz da ONU no Haiti – onde o representante máximo das Nações Unidas é chileno e o comando das tropas, brasileiro – e no Conselho de Segurança da ONU. Dentro do Conselho, “antes de tomar decisões, sempre consulto o embaixador brasileiro e vice-versa. Trabalhamos juntos”, afirma o embaixador chileno na ONU, Heraldo Muñoz.
No cenário regional, “o presidente Lagos tem um grande interesse em fortalecer o Mercosul em sua dimensão política”, complementa o embaixador brasileiro no Chile, Fonseca Júnior.
O aprofundamento dos laços entre os dois países é considerado por ambos os países um passo importante para o processo de integração sul-americana, que passaria pelo estreitamento das relações entre o Mercosul, a Comunidade Andina e o Chile.
Para o governo brasileiro, esse é o caminho para a formação de uma comunidade sul-americana de nações.
A agenda de Lula ainda reserva espaço para reuniões com os presidentes da Corte Suprema e da Central Única dos Trabalhadores, além de encontros com o prefeito de Santiago e com representantes da comunidade brasileira e uma visita a um programa social do governo chileno.