O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, terá um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para tratar das recentes decisões tomadas pelo governo do Equador que afetam duas empresas brasileiras que investem naquele país – a construtora Norberto Odebrecht e a Petrobras. Há duas semanas, o presidente equatoriano, Rafael Correa, assinou decreto expulsando do país a Odebrecht, acusando-a de falhas na construção da usina hidrelétrica de São Francisco e proibindo seus executivos de deixarem o Equador. Um dia após conversar em Manaus (AM) com o presidente Lula, em 30 de setembro, Correa ameaçou expulsar do Equador também a Petrobras por não ter chegado a um acordo com o governo sobre aumento da produção e dos investimentos.
Embora o encontro desta quinta-feira entre Amorim e Lula tenha sido agendado anteriormente, com outra pauta, o ministro admitiu nesta manhã que a conversa com o presidente se concentrará nas questões relacionadas ao Equador.
Na quarta-feira (8), o quadro político interno no Equador sofreu alterações com a nomeação de Derlis Palacios para o Ministério de Minas e Petróleo, no lugar de Galo Chiriboga, que renunciou na terça-feira por causa do descontentamento do presidente da República, Rafael Correa, com a atuação dele nas negociações com as empresas petroleiras. Em contradição com suas recentes declarações – de que a Petrobras não teria aceitado assumir o compromisso de aumentar a produção de petróleo -, Correa afirmou ontem que a empresa brasileira era única que havia aumentado a produção, em comparação com outras empresas estrangeiras, como registrou o jornal equatoriano “El Comercio” na sua edição de quinta.
Outra mudança polêmica no governo de Correa se deu ontem com a renúncia do presidente do Banco Central, Robert Andrade. Em princípio, a saída de Andrade abriria caminho para Correa fazer mudanças que considera necessárias na equipe que conduz a instituição. Em plena crise financeira mundial, que afeta principalmente as condições de liquidez, o Equador continua a ser o único país da América do Sul com a economia dolarizada, o que o torna mais vulnerável à volatilidade dos mercados e à percepção de risco.