O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que os agricultores de todo o País podem contar com o apoio, não apenas dele, mas de todo o governo federal. ?Nós acreditamos que a agricultura familiar, além de produzir alimentos, produz uma coisa mais importante: produz cidadania, e produz dignidade e produz respeitabilidade?, afirmou.
O presidente participou, no início da tarde, do lançamento do Plano Safra para Agricultura Familiar 2004/ 2005. Serão disponibilizados R$ 7 bilhões em créditos para os pequenos agricultores. ?Este é o nosso segundo Plano Safra. Ainda temos mais dois para lançar. Eu não tenho dúvida de que nós vamos, a cada ano, dando razão a tudo aquilo que nós, a vida inteira, acreditamos: que é preciso fortalecer definitivamente a agricultura familiar e os assentamentos neste País?, disse Lula.
Lula lembrou que, no governo passado, apenas 57% do dinheiro anunciado para a agricultura familiar chegava às mãos dos trabalhadores. Já na safra passada, segundo Lula, esse percentual chegou a 85% dos recursos disponibilizados. ?Precisamos chegar à perfeição, a 100%, e para isso nós temos que fazer com que os bancos privados dêem a sua contribuição para que a gente possa ter a totalidade, não apenas dos R$ 7 bilhões, mas talvez até complementar com um pouco mais. Não faltará dinheiro para agricultura familiar neste País?, garantiu.
De acordo com o presidente, o aumento do número de famílias beneficiadas poderia ter sido maior. Ele reconheceu que seu governo não conseguiu fazer com que o crédito para a mulher e para os jovens, anunciado no Plano Safra passado, tivesse a procura desejada. Para este ano, Lula aposta na comunicação para mostrar às esposas e aos filhos dos agricultores que eles também podem ter acesso ao setor. ?Nossa idéia era que em nenhuma propriedade de 20 a 30 hectares pudesse haver 3 projetos distintos e que as pessoas pudessem utilizar a multifuncionalidade da agricultura familiar na sua força total?, explicou.
O presidente informou também que pretende aperfeiçoar a assistência técnica oferecida aos agricultores familiares e aos assentados da reforma agrária. ?Levar o acesso à tecnologia à agricultura familiar é colocá-la num padrão progressivo com qualquer outro setor da agricultura neste País, e eu diria até com qualquer outro setor de qualquer país do mundo?, ressaltou.
Os resultados do plano safra anterior, o primeiro de seu governo, mostraram, segundo Lula, que os recursos foram liberados para todas as regiões do País. Na safra 2002/2003, a região Centro-Oeste teve 30 mil contratos assinados. Na safra passada, esse número subiu para 58.240 contratos. Na região Nordeste, o número de contratos assinados subiu de 285 mil para 563 mil no mesmo período. No norte do País, o aumento foi de 35 mil para 105 mil contratos assinados. ?O agricultor não podia produzir antes porque o dinheiro era anunciado na televisão, mas, na hora que o dinheiro tinha que chegar ao agricultor, ele nem era recebido no banco. À medida que você coloca esses instrumentos, sem fazer milagres, que já eram para cumprir essa tarefa, para funcionar corretamente, a gente percebe o sucesso?, afirmou Lula.
De acordo com o presidente, o aumento no número de contratos firmados deve-se também ao bom desempenho dos bancos que fazem o financiamento. Lula ressaltou que um agricultor que procura uma agência para financiar R$ 2.500 merece o mesmo respeito de alguém que pretende realizar empréstimos de R$ 3 milhões. Lula disse que recebe relatos de que os agricultores já são tratados com respeito na maioria dos bancos do País.