O lucro das empresas negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) caiu 3,4% no ano passado – resultado influenciado especialmente pela queda de 98% nos ganhos da Vale. Sem considerar os números da mineradora, o lucro das companhias teve alta de 4,26%, de acordo com levantamento da empresa de informação financeira Economática, com 313 companhias de capital aberto.

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Dos 22 setores analisados, nove tiveram prejuízo, nove registraram ligeiro crescimento nos ganhos e apenas quatro tiveram lucros mais robustos. Não faltaram motivos para explicar o resultado pouco expressivo. Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,3%, as exportações recuaram 1% e as importações subiram 6,5%.

Alguns setores ainda tiveram de resolver problemas próprios, como o de energia elétrica, cujo lucro caiu R$ 1,5 bilhão em relação a 2012. O resultado do setor refletiu as decisões da MP 579, que renovou as concessões de geração e transmissão de eletricidade. Pelas regras impostas pelo governo federal, as empresas que aderissem ao pacote passariam a receber apenas pela operação e manutenção dos ativos, o que derrubou as receitas das companhias.

A Eletrobras, por exemplo, teve novamente o maior prejuízo entre as empresas de capital aberto, de R$ 6,29 bilhões. Em 2012, a estatal já havia registrado perda recorde de R$ 6,8 bilhões, já que foi uma das principais afetadas pela MP. Para os analistas da corretora Concórdia, a margem de 0,3% não é nada animadora frente a um grupo que fatura R$ 23,8 bilhões e está num setor cujas margens de lucro normalmente são de dois dígitos. Outras empresas do setor, como Cemig, CPFL, Neoenergia, Tractebel e Transmissão Paulista tiveram queda no lucro em comparação com 2012.

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Resultado surpreendente veio do setor bancário, acostumado a colecionar lucros recordes. Pelo levantamento da Economática, o lucro consolidado das instituições financeiras recuou R$ 222 milhões. Além do Santander, outros bancos médios registram resultado negativo no ano passado. Segundo o analista da agência de classificação de risco Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, os bancos menores, que trabalhavam com pequenas e médias empresas, foram afetados por um aumento da inadimplência.

“Isso levou os bancos a serem mais cautelosos e seletivos. Como eles não têm capacidade de diversificação, como as grandes instituições, os lucros não cresceram tanto e as margens caíram.” Para completar, diz ele, os maiores bancos de capital aberto do País também não tiveram um resultado “tão brilhante”.

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Em alta

Do lado positivo, o destaque foi o setor de construção. As empresas saíram de prejuízo em 2012 para lucro. Mas, para o analista da Modal Asset, Eduardo Roche, a qualidade do resultado não é tão boa quanto o número. Segundo ele, depois do boom de lançamentos de três anos atrás, algumas empresas entraram em dificuldade. “Para arrumar a casa, em 2013, venderam terrenos, queimaram estoque e se desfizeram de projetos, medida que ajudou a melhorar o resultado.”

Na lista dos maiores lucros de 2013, não aparece nenhuma empresa do setor de construção. A líder, apesar de todos os problemas enfrentados, como o preço defasado dos combustíveis, foi a Petrobrás, com R$ 23 bilhões, seguida pelo Itaú, de R$ 16 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.