Com a greve dos bancários, quem está suprindo as necessidades dos correntistas são as agências lotéricas. Nos dois últimos dias o movimento tem sido excepcional.
Paralelo ao movimento normalmente feito nas agências bancárias, as lotéricas ainda têm que atender os apostadores que buscam os milhões de uma nova Mega-Sena acumulada, que deve pagar um prêmio de R$ 75 milhões neste final de semana.
Mesmo com a reabertura, por decisão judicial, das 27 agências do Bradesco, em Curitiba, a partir das 13h de ontem, tanto as lotéricas do centro, quanto a dos bairros, registraram uma procura bem superior à capacidade de atendimento e o resultado foram filas em todos os estabelecimentos consultados.
No centro, nos momentos de pico de movimento, o cliente chegava a esperar até 40 minutos para ser atendido. Nos bairros, apesar das filas, o tempo de espera não ultrapassou 15 minutos.
“Tem fila da hora em que abrimos até o instante em que fechamos”, contou a gerente da Lotérica Alto da XV, Abgail de Oliveira, explicando que, normalmente, o local é bastante tranquilo. “Temos três terminais e, na maioria das vezes, o cliente chega e é atendido na hora, só com a greve que isso mudou”.
Segundo a gerente, a maior procura é pelo pagamento de contas, seguido por operações de saques e depósitos. “Para piorar a situação, o sistema tem caído devido à sobrecarga e algumas alterações no código de barras de determinados boletos”.
O proprietário da Loterias Muricy, Auxílio Sugimoto, compartilha a mesma impressão. “A greve causou uma verdadeira explosão no movimento das lotéricas”, diz. “Estamos realizando todo tipo de procedimento bancário, exceto Darf, licenciamento de veículos e depósitos judiciais”, enumerou Sugimoto.
Nos bairros, as filas se repetiram. Na Loterias Santa Felicidade, a gerente Rosemeri Nunes da Silva, disse que o atendimento não estava tão lento somente porque, recentemente, foi instalado um quarto caixa. “Mesmo assim as filas são gigantes”, comentou.
É importante notar que embora seja usual, as lotéricas não são a única alternativa nos dias de greve. Dependendo do tipo de serviço, o cliente pode recorrer aos demais canais de atendimento – telefone, internet, caixa automático, correios, supermercados e outros correspondentes não bancários.
Além disso, o cidadão também pode procurar por uma agência que não tenha aderido a greve. Ontem, por exemplo, somente em Curitiba e região, das 446 agências existentes, 259 ficaram fechadas. Em todo o estado, de 1,3 mil agências, 467 estavam paralisadas.
De acordo com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), apenas dois tipos de serviços dependem, exclusivamente, do caixa do banco: pagamento de boleto vencido (que pode ser acertado junto à empresa emissora do boleto) e saque com cheque.
Para ações envolvendo produtos da Caixa Econômica Federal, por exemplo, como o resgate do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Seguro-Desemprego, o banco, em nota, orientou os cidadãos a recorrerem às lotéricas ou a saque nos terminais eletrônicos com o Cartão-Cidadão. Em ambos procedimentos é liberado o pagamento de até R$ 1 mil.
Assembleia hoje
O segundo dia de greve dos bancários mobilizou 78% da categoria no Paraná, um total de 18.455 trabalhadores, conforme dados da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-PR).
Hoje, os bancários, realizarão duas assembleias de avaliação da greve (17h30 e 18h), na sede do Sindicato do Bancário de Curitiba e região. Por enquanto, nem os bancários recuaram nas reivindicações, nem a Fenaban sinalizou com uma nova proposta de acordo.