Não são poucos os cronistas esportivos (entre profissionais e amadores) que já apontam essa como a Copa das Copas. Mas, para alguns negócios, a agenda de jogos e toda a expectativa em torno do Mundial não têm sido tão favoráveis. Comerciantes registram movimento baixo e até prejuízo.
Na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, a loja de bijuterias Cindy viu o movimento cair em cerca de 40%, segundo a encarregada, Roseli Morganti, de 38 anos. “Temos clientes de outros Estados que acabam não vindo. Ainda temos de liberar os funcionários nos jogos do Brasil, é mais prejuízo”, explica Roseli. “Vi poucos turistas por aqui. Para nós, a Copa não ajudou nada.”
Na última partida do Brasil, que foi no sábado, às 13 horas, praticamente todas as lojas ficaram fechadas. “O sábado é o dia de maior movimento para nós, então já viu o que significa isso”, diz Raul dos Santos, dono de uma loja de brinquedos na Rua Carlos de Souza Nazaré, na mesma região.
Para piorar, a venda de artigos verde-amarelos só começou a decolar após o início dos jogos. “Estava mais fraco do que o esperado, mas agora estamos vendendo bem, até as camisas dos outros países têm saído”, disse o vendedor ambulante Roberval Pereira Silva, de 40 anos.
O economista Marcel Solimeo, superintendente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), afirma que os setores beneficiados pela Copa são os de bebidas, carnes, supermercados e de produtos diretamente relacionados aos jogos – “até pipoca”. “Todos os outros são prejudicados. O comércio só vende quando está aberto e tem clientes. Com a Copa, muitos fecham as portas e o dia de vendas é reduzido.”
Mercado
Mas até quem está incluído no ramo beneficiado sentiu queda no consumo. No Mercado da Lapa, na zona oeste de São Paulo, nem a decoração com faixas verde-amarelas resultou em um efeito nos caixas. Em uma votação, os lojistas decidiram não abrir no último sábado. “Diminuiu bem o movimento. Já estou até torcendo para que o Brasil caia e as coisas voltem ao normal”, diz a comerciante Roberta Agostine, dona de um box de alimentos.
Mesmo vendendo produtos essenciais, como materiais de limpeza, Ronan Valentim de Castro, de 32 anos, prevê prejuízo neste período. “As pessoas adiam tudo, todo evento impacta. Com futebol, as pessoas esquecem tudo.”
Solimeo, da ACSP, lembra que todas as Copas têm a característica de paralisar a comercialização de produtos e serviços na hora dos jogos, mas a de 2014 tem um impacto diferente. “Não é só nos dias de jogos do Brasil. Quando há jogo aqui em São Paulo, há aumento do rodízio, o que também atrapalha.”
Aulas
No Jardim Anália Franco, bairro nobre da zona leste, a escola de música Lado B fez promoções para a Copa e uniforme canarinho para a equipe. Mas, segundo a coordenadora Claudia Ferreira, de 41 anos, houve uma queda “brutal” nas matrículas. “Entre maio e junho, caiu 30% a procura por aulas. Só trabalhamos normalmente na primeira semana, depois foi muito devagar.”
A escola ainda sente os reflexos dos dias de jogos do Brasil, porque precisa liberar os funcionários – mas as aulas têm de ser repostas. Ainda houve quem preferisse trancar a matrícula. “Alguns já voltaram. Perceberam que sem música a Copa fica mais chata”, brinca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.