A menos de duas semanas das eleições, um grupo de 15 intelectuais e economistas – entre eles o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore e o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita – lançam um livro que reúne sugestões para colocar a economia do País em uma nova rota de crescimento. Com propostas “liberais, mas não partidárias”, nas palavras de Pastore, o livro ‘Como Escapar da Armadilha do Lento Crescimento’ não pretende fazer um “lobby por ideias”, mas reaquecer a discussão em torno de temas como contas públicas, reforma da Previdência, produtividade e privatização de bancos.
“Há questões (importantes para o crescimento) como a abertura econômica, que, se você falar na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), vão para cima de você. Mas queremos discutir esses temas com base em dados”, diz Pastore, que também é colunista do jornal O Estado de São Paulo. “Fizemos uma análise sobre o porquê de o País não crescer para (poder ser usada por) quem quer que ganhe a eleição”, acrescenta.
Segundo Pastore, apesar de o Brasil não viver uma crise aguda como a do início dos anos 2000, quando a inflação superou 12% ao ano e o risco país bateu a casa dos 2.400 pontos (hoje está em 260 pontos), a solução para o impasse atual é mais complexa – daí a necessidade de um debate amplo em torno dela.
“Antes, o governo apenas precisava se comprometer com a meta de superávit primário. O que era simples de cumprir: não havia o gasto que se tem hoje e havia a possibilidade de aumentar receita, o que não é possível agora”, acrescenta Pastore, coordenador do livro.
Um dos capítulos da obra, assinado por Mario Mesquita e Pedro Schneider, mostra que a proposta final do governo de Michel Temer para a reforma da Previdência seria capaz de fazer apenas 25% do ajuste necessário para equilibrar as contas públicas. Diante desse cenário, entre as sugestões dos autores para que o teto dos gastos seja cumprido estão o fim da desoneração da folha de pagamentos e uma reforma no abono salarial (benefício social que funciona como uma espécie de 14.º salário para trabalhadores que recebem até dois salários mínimos por mês).
Com oito capítulos, o livro de 600 páginas começou a ser escrito no início deste ano. Além de Pastore, Mesquita Schneider, ele traz textos de autoria de Alexandre Schwartsman, Ana Carla Abrão Costa, Bernard Appy, Caio Carbone, Jairo Saddi, Klenio Barbosa, Paulo Tafner, Pedro da Motta Veiga, Marcelo Gazzano, Marcos Lisboa, Sandra Polónia Rios e Sérgio Lazzarini.
A obra, em formato digital, será lançada nesta terça-feira, 25, a partir das 16h, no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo, com apresentações das propostas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.