O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, demonstrou tranqüilidade diante da possibilidade de ser questionado na Justiça sobre a lista de 106 fazendas aptas a vender para a União Européia (UE). "Não cabe perder tempo e dar trabalho aos juízes", disse ele ao ser questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de federações de agricultura, sindicatos rurais e associações de produtores recolherem assinaturas de pecuaristas e entrarem com um mandado de segurança contra a lista. Ele argumentou que a lista foi elaborada com base em critérios técnicos.
A iniciativa de suspender a lista teve início ontem, quando o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) apresentou, em Brasília, o texto de um mandado de segurança coletivo. Segundo o parlamentar a lista é discriminatória. "A lista é uma agressão e o mandado é uma tentativa de suspendê-la", comentou ontem o parlamentar. O texto foi repassado aos representantes dos pecuaristas nos Estados habilitados para venda para o bloco: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo e Minas Gerais.
Até ontem, o deputado não havia definido contra quem o mandado seria impetrado, já que não há informações sobre quem é responsável pela elaboração da lista: o ministro ou o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz. "É só um deputado", afirmou o ministro, sem citar o nome de Caiado. O deputado tem criticado a postura do ministério nas negociações com a UE, que suspendeu as importações de carne bovina in natura do Brasil desde o dia 1º de fevereiro.
Na semana passada, quando o deputado já falava em questionar a lista na Justiça, o ministro disse que "algumas pessoas, irresponsavelmente, estão colocando isso em debate". Hoje, o ministro disse que as "grandes falhas" que determinaram o veto da UE à carne brasileira já foram corrigidas. Ele disse que os inspetores europeus que já visitaram fazendas de Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso e que estão esta semana em Minas Gerais encontraram "pequenas falhas". Na próxima semana, os europeus visitarão fazendas do Rio.