São Paulo
– O ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris não acredita que o governo consiga, a partir da conversa que terá na segunda-feira com banqueiros internacionais restabelecer as linhas de crédito para o País nos mesmos níveis de seis meses atrás. “É impossível”, afirmou, acrescentando que não acredita que isso ocorra nem mesmo após a eleição presidencial ou nos primeiros meses do próximo governo. Apenas 90 ou 180 dias após a posse do futuro presidente, com a equipe econômica já conhecida e a explicitação das políticas a serem seguidas, seria possível o restabelecimento.“Neste momento, não teremos uma abertura substancial de crédito”, disse Eris, acrescentando que somente o ministro da Fazenda, Pedro Malan, poderia ter informações melhores sobre o que se esperar da reunião de segunda-feira.
Partindo do pressuposto de que o crédito externo não será restabelecido, nem mesmo com a viagem de Malan e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, aos EUA, o ex-presidente do BC projeta cenário de maior tensão e dificuldades para os próximos meses. Segundo ele, se o BC quiser manter a taxa de câmbio entre R$ 3 e R$ 3,20 terá de vender US$ 8 bilhões nos próximos quatro meses, seguindo uma média dos últimos dois meses, de US$ 2 bilhões ao mês.
O ex-presidente do BC admitiu que a projeção era “meio maluca”, mas disse tentar, com isso, alertar Malan e o diretor de Política Economia, Ilan Goldfajn, sobre a gravidade da situação atual. Segundo ele, se o BC gastar esses US$ 8 bilhões nos próximos meses, que sairiam das reservas líquidas, o próximo presidente da República poderá encontrar um cenário de extrema fragilidade. “Os coitados que vão entrar agora e ainda têm muito o que aprender” talvez sejam forçados a procurar imediatamente o FMI para negociar uma nova redução do piso das reservas, disse.