Sintra, 23/05/2015 – Os líderes dos dois maiores bancos centrais do mundo ofereceram diferentes visões sobre o papel que devem desempenhar no esforço para puxar o crescimento econômico, deixando evidente os caminhos divergentes que trilham as maiores economias.
No painel que fechou a conferência do Banco Central Europeu (BCE) no resort de Sintra, próximo à costa de Portugal, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, reforçou sua defesa de reformas econômicas na Europa, que já passou por duas recessões desde 2009 e ainda carrega uma elevada taxa de desemprego (11,3%), superior à norte-americana e à japonesa.
“Não queremos ter um comportamento intruso” ao pedir aos governos que tomem ações no mercado de trabalho e realizem mudanças nas políticas fiscais”, disse Draghi. “Faço um apelo para que haja uma ação”, acrescentou.
Em direção contrária, o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, recomendou uma abordagem mais cautelosa, embora tenha notado que a economia dos Estados Unidos podem se beneficiar de um gasto maior por meio de reformas. “Pode-se falar de (reformas estruturais) de tempos em tempos, mas não se pode fazer disso o principal ponto de discussão todo a vez em que se encontra com a imprensa”, afirmou no painel.
Em parte, essa diferença de ênfase entre o Fed e o BCE reflete a situação atual de cada uma dessas economias. Nos EUA, onde o mercado de trabalho é considerado mais flexível e móvel do que na Europa, a taxa de desemprego estava em 5,4% em abril, bem abaixo da taxa europeia.
“Na Europa, o componente estrutura de baixo crescimento é muito superior ao dos Estados Unidos”, disse Draghi.
No mesmo painel, o presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, disse que a política monetária pode facilitar aos governos a introdução de reformas para tornar suas economias mais flexíveis. “Se a economia cresce com uma taxa de inflação de 2%, então reformas mais mais sérias e severas podem ser aceitas pelo público em geral”, observou. Fonte: Dow Jones Newswire.