Lideranças debatem futuro da agropecuária

O ministro da Agricultura Reinhold Stephanes esclareceu questões relacionadas ao endividamento agrícola para os cerca de dois mil produtores e lideranças rurais que participaram, ontem, no restaurante Madalosso, em Curitiba, do evento ?Cenários e Perspectivas da Agropecuária?, promovido pelo Sistema Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micros, e Pequenas Empresas (Sebrae).

Stephanes garantiu que, apesar de ainda não estar regulamentada, já está aprovada a prorrogação das dívidas de custeio das safras 2003/04, 2004/05 e 2005/06. Em relação às dívidas de investimento, será obrigatório o pagamento mínimo de 30% da parcela deste ano. O restante será prorrogado por um ano após o final do contrato e ainda será concedido bônus de 15% sobre o valor da parcela integral para quem paga parte ou o total dessa parcela. ?O Senado entrou em crise. Dois partidos seguraram a votação. O que gerou uma instabilidade muito grande. Na semana passada, o projeto de lei voltou para a Câmara e vai demorar mais um pouco para a aprovação?, informou.

Durante o evento, o presidente da Faep, Ágide Meneguette, destacou os esforços da bancada ruralista em defender os interesses da agricultura nacional no Congresso. Meneguette também destacou a participação de produtores no evento. ?Vocês são formadores de opinião. Essa reunião tem peso não apenas pelas idéias apresentadas, mas também pela avaliação das lideranças presentes diante da situação que se encontra a agropecuária brasileira?, disse.

O diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, que também participou do evento, afirmou que a despeito do crescimento vigoroso da economia, o Brasil está livre do risco de um apagão no setor elétrico. Ele assegurou que os investimentos do governo federal e da iniciativa privada em geração e transmissão de energia serão suficientes para assegurar o abastecimento do País ao longo das próximas décadas.

?Estamos em condições inclusive de exportar 1.200 MW para vizinhos como a Argentina?, afirmou. Neste ano, observou Samek, a demanda do Operador Nacional do Sistema (ONS) pela energia da Itaipu diminuiu 3,4%, embora a hidrelétrica disponha de duas novas unidades geradoras e tenha água em abundância no reservatório.

Na palestra ?Programas do governo do Estado de apoio às médias e pequenas propriedades?, o secretário de Agricultura, Valter Bianchini, falou da importância do Paraná retomar o crescimento da cafeicultura com novas variedades desenvolvidas pelo Instituto Agropecuário do Paraná (Iapar). ?Devemos saltar de 100 mil para 140 mil hectares com café nos próximos anos?, disse.

A cientista política Lucia Hippólito desenvolveu o tema ?Situação política brasileira e suas perspectivas?. Num tom crítico, de forma clara e objetiva, a cientista analisou os principais dilemas que o Brasil precisa enfrentar daqui para frente: a intensidade da participação do governo nas instituições e a descentralização do poder. ?Os governos passam e as regras precisam permanecer estáveis. O Estado vem se centralizando de forma absurda. Se não tomarmos as rédeas, a situação vai ficar complicada?, avaliou.

O senador Osmar Dias encerrou a programação com a palestra ?Análise da atual conjuntura política brasileira?. Na ocasião, ele lembrou que já foi acusado de defender o agronegócio. ?Para mim, agronegócio é o agricultor familiar até o grande produtor?, afirmou. Quanto à necessidade de uma reforma política no País, Dias reforçou o poder do voto dos cidadãos. ?O sujeito é acusado por corrupção e é eleito de novo deputado. Que reforma política dá jeito nisso? O voto é a única arma que o cidadão tem para mandar esse sujeito de volta para casa?, concluiu.

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