O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), classificou nesta quarta-feira a articulação política do governo com o Congresso de “ruim”. Na avaliação de Cunha, que não citou os nomes dos responsáveis pela articulação, faltam interlocutores com diálogo, “jogo de cintura” e perfil semelhante ao do ex-ministro Antônio Palocci, ministro da Fazenda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chefe da Casa Civil nos primeiros seis meses da presidente Dilma Rousseff.

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“Falta um pouco de jogo de cintura na conversa política. A articulação política não está funcionando de forma de evitar estresse, e sim no sentido de aumentar (o estresse)”, disse o líder do PMDB na Câmara, antes de seguir para o plenário da Casa para mais uma tentativa de votar a Medida Provisória 595, a MP dos Portos.

Na votação desta terça-feira, 14, que se estendeu por 18 horas até a madrugada desta quarta-feira, a administração federal conseguiu derrubar uma emenda aglutinativa de Cunha que, na avaliação dos governistas, desfigurava a essência da MP. Neste momento, é realizada uma sessão extraordinária na Casa para apreciar uma série de destaques que ficaram pendentes. De acordo com o Poder Executivo, o líder do PMDB foi o grande derrotado na sessão desta terça-feira, mas, depois disso, trabalhou para atrasar a conclusão da votação.

Sobre a emenda, Cunha disse que “não adianta uma vitória de um dia com o dia a dia para conviver o tempo inteiro”. Caso a emenda tivesse sido aprovada, ele argumenta que “todas as outras teriam sido prejudicas” e, consequentemente, cairiam. Se isso tivesse acontecido, a matéria poderia ter sido aprovada ainda de madrugada, segundo Cunha.

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Para não caducar, a MP precisa terminar de ser votada na Câmara e ainda passar pelo plenário do Senado. Parlamentares do PMDB disseram nesta manhã que o Executivo, ao derrubar a emenda do líder, descumpriu um acordo firmado na segunda-feira, 13, e que isso dificultará futuras negociações com o Congresso. Na avaliação de um deputado do partido, a Presidência da República votou pela derrubada da emenda de Cunha para marcar posição e passar a imagem de que teria saído vitoriosa no embate com ele. Conforme Cunha, ficou claro que o governo “quis marcar posição”. Na análise de deputados da legenda, no entanto, a ação da Presidência foi “um tiro no pé”, uma vez que, ao não concluir a votação nesta madrugada, “voltou-se à estaca zero”.