O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, encerrou ontem em Curitiba o XVIII Seminário Nacional de Produção de Energia Elétrica (SNTPEE) destacando, entre os desafios do setor para os próximos anos, o papel do Paraná no abastecimento nacional de energia. Segundo o ministro, o Estado tem grande possibilidade de entrar para o leilão de hidrelétricas marcado para o início de dezembro com duas usinas: Mauá, no Rio Tibagi, e Salto Grande, no Rio Chopim, ambas em fase de obtenção de licença ambiental. ?O governador Roberto Requião está empenhado na liberação?, destacou, anunciando a entrada, ontem, da quinta usina participante, de Foz do Rio Claro (GO).
?Nossas perspectivas são mais prováveis que as que prevêem escassez de energia?, salientou Rondeau, ao rebater apontamentos de analistas de que o Brasil corre novos riscos de apagão em 2009. ?Com os leilões de linhas de energia não correremos este risco?, disse, destacando também a modernização e repotencialização das hidrelétricas como mais uma garantia de que o País não corre risco de ficar no escuro.
O ministro avaliou os questionamentos ambientais que rondam a obtenção da licença para a usina de Mauá e acenou com medidas que devem aliviar problemas dessa ordem. ?Deve haver redução da cota de produção de 388 para 350 megawatts. A redução é pequena, apenas 6%, mas tem a vantagem de baixar a área do reservatório em até 32%, o que diminuiria os impactos no meio ambiente sem comprometer o abastecimento.? O ministro acredita, porém, que as usinas paranaenses de Baixo Iguaçu e Telêmaco Borba terão dificuldade em conseguir a licença para participar do leilão ainda este ano.
Para o governador Roberto Requião, a possibilidade de funcionamento das usinas paranaenses deve ser útil para a demanda do País. ?É uma necessidade brasileira. No Paraná, por enquanto, produzimos mais do que consumimos?, avalia. Informação que foi confirmada pelo presidente da Copel, Rubens Ghilardi. ?Nossa energia está em pool, mas vamos continuar com os investimentos em geração.?
Fontes alternativas
O ministro Silas Rondeau acredita que os desafios para o setor energético no País passam pelo equilíbrio entre oferta e demanda, planejamento e respeito ao meio ambiente, garantindo ?crescimento na medida certa?, conforme definiu. O ministro enfatiza que para isso é necessário atrair capital nacional e intenacional, o que pode ser viabilizado pelas fontes de energia alternativas. ?Temos a vantagem competitiva das hidrelétricas, que produzem 84% da energia utilizada no Brasil, mas hoje temos de focar a discussão nos recursos limpos e renováveis?, afirmou, levantando as políticas do governo federal para gerar infra-estrutura ao setor elétrico sustentável, como cumprimento ao Protocolo de Kyoto.
Entre essas fontes, Silas Rondeau destacou a agroenergia – que tem como fonte recursos do solo -, o biodiesel, a energia eólica e o carvão mineral – este último abundante no Sul do País. ?Somente os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm carvão suficiente para produzir em média 35 mil megawatts/ano durante 40 anos. Isso significa quatro vezes a produção de Itaipu?, disse o ministro, ressaltando os investimentos da ordem de R$ 17 bilhões feitos pelo atual governo no setor energético, contemplando desde as novas fontes geradoras até a distribuição energética. ?Estes dados não podem nos levar de modo algum ao desespero de falta de energia nos próximos anos.?
