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Leilão do Rodoanel inicia calendário de concessões

O leilão de concessão do Trecho Norte do Rodoanel de São Paulo, marcado para esta quarta-feira, 10, será o primeiro de uma série de licitações programadas para 2018. Os governos federal e Estaduais querem destravar alguns programas para reforçar o caixa no fim de mandato. Mas eles terão de enfrentar obstáculos pela frente, como o timing apertado por causa das eleições e a busca de solução para as concessões que estão para vencer, para as que foram retomadas e para aquelas com problema de desequilíbrio econômico.

Especialistas afirmam que as pendências relacionadas às concessões já feitas devem concentrar as atenções dos investidores e devem calibrar o apetite no setor. Além disso, a grande oferta de ativos à venda pode representar concorrência para as novas licitações. “Vejo pouco investimento em obras novas e muito apetite por compras de ativos em operação. Enquanto esse estoque não for reduzido, o apetite por projetos greenfield (construção a partir do zero) será menor”, afirma o coordenador do Comitê de Rodovias da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Gabriel Galipolo, presidente do Banco Fator.

No caso do Rodoanel de SP, no entanto, ele vê concorrência, já que o governo paulista conseguiu eliminar uma série de entraves relacionados aos riscos da obra, que é realizada pelo Estado. A iniciativa privada apenas vai operar e manter a rodovia em ordem. Segundo fontes do mercado, a disputa deve ficar entre CCR, EcoRodovia, AB Concessões, do grupo italiano Atlantia, e Arteris, da Brookfield.

Marcado para esta quarta-feira na B3, em São Paulo, o leilão tem lance mínimo de R$ 462,3 milhões. Vence quem fizer a maior oferta de outorga pela concessão do trecho. O que está em disputa são 47,6 quilômetros do último segmento do Rodoanel, que tem interligação com os trechos Oeste (operado pela CCR) e Leste, administrado pela SPMar, concessionária responsável também pelo Trecho Sul.

Bruno Werneck, do escritório Mattos Filho, aposta em uma competição morna e focada nas principais concessionárias do setor, já que várias empresas que vinham se associando a investidores financeiros nos leilões acabaram envolvidas em investigações da Lava Jato. “Investidores com esse perfil financeiro querem estar do lado de uma empresa local, e há poucos parceiros que não estão com esses problemas.”

Ainda no primeiro trimestre, o governo federal espera conseguir licitar a Rodovia de Integração Sul, no Rio Grande do Sul (BR-101/290/386/448). O trecho de 473,4 km prevê investimentos de R$ 8,5 bilhões durante o período de concessão. Mas, nesse caso, o governo depende do Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda avalia o processo. Os demais trechos devem ficar para o último trimestre, o que pode ser prejudicado pelo calendário eleitoral. “O humor do investidor está positivo, mas ele precisa de regulação para tomar suas decisões”, diz o sócio da BF Capital, Renato Sucupira, usando o setor de transmissão de energia como exemplo de atratividade de investimentos após mudanças nas regras.

Estados. Os Estados também têm planos de novas concessões. Sem dinheiro para tocar os projetos de ampliação e manutenção, os governos de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo planejam conceder mais de 5 mil km de rodovias. O volume dos projetos estaduais equivale a praticamente o dobro das novas rodovias que estão no radar das concessões federais. “Mas devemos considerar que esse é um ano de eleições. Se os editais não saírem até abril, as licitações ficam mais difíceis de serem feitas”, diz Francinett Vidigal, da VAE Consultores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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