O consórcio liderado pela Odebrecht Transport venceu o leilão de concessão do Aeroporto de Galeão, no Rio de Janeiro, com um lance de R$ 19,018 bilhões, ágio de 293,9% em relação ao piso estabelecido. O valor ficou 31% acima dos R$ 14,5 bilhões oferecidos pelo segundo colocado, o consórcio liderado pela construtora Carioca, e não teve concorrentes. O Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, foi arrematado pelo grupo liderado pela CCR, com uma proposta de R$ 1,82 bilhão. O ágio foi de 66% sobre o valor mínimo, após uma disputa com o consórcio liderado pela Queiroz Galvão.
O valor total do certame foi de R$ 20,8 bilhões, o que representa um ágio médio de 251,7%. Tanto o preço quanto o ágio não superam o resultado do primeiro leilão de aeroportos. Em fevereiro do ano passado, Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, e o Aeroporto de Brasília renderam ao governo R$ 24,5 bilhões, com um ágio de 347%.
Dilma Rousseff comemorou o resultado. Segundo a presidente, o resultado “foi, de alguma forma, muito além das expectativas”.
Em visita a Fortaleza, para inaugurações e liberações de recursos para obras, a presidente não perdoou
os críticos, mesmo sem nomeá-los diretamente. “Todos aqueles pessimistas, os incrédulos, hoje vão ter um dia de amargura. Porque não deu errado. Vou repetir: não deu errado”, disse, em discurso.
Surpresa. A grande surpresa do leilão foi o valor pago pelo Galeão. Os R$ 19 bilhões ficaram acima do valor desembolsado pelo Aeroporto de Guarulhos, que foi de R$ 16,2 bilhões, e superou até mesmo o preço do campo de petróleo de Libra, no leilão do pré-sal, que fechou em R$ 15 bilhões.
“Se a gente somar o preço pago pela outorga, de R$ 19 bilhões, ao preço previsto para a obra (de R$ 5,7 bilhões) são R$ 25 bilhões: praticamente R$ 1 bilhão para cada um dos 25 anos da concessão”, disse um executivo do setor, que ficou espantado com o resultado. “Sabe-se lá como vão recuperar o investimento desse jeito.” Vários analistas de mercado e consultores expressaram a mesma preocupação, mas a Odebrecht diz não ter dúvidas do potencial de retorno.
Para o governo, os ágios e o alto nível das empresas participantes foram motivo para comemorações. A Odebrecht Transport tem ao seu lado a operadora Changi, que administra, entre outros terminais, o Aeroporto de Cingapura, nos três últimos anos eleito o melhor do mundo. A Odebrecht tem 60% do consórcio, batizado de Aeroportos do Futuro, e a Changi, 40%. A CCR tem 75% do consórcio AeroBrasil, que venceu a concessão por Confins. Estão ao seu lado a operadora suíça Flughafen Zurich, que administra o Aeroporto de Zurique, com 24% de participação, e a Munich Airport, com 1%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.