A venda da centenária Leão Júnior para a Coca-Cola, em março deste ano, alterou, pelo menos por enquanto, apenas o controle financeiro da empresa paranaense. A informação é do diretor-geral da Leão Junior, Renato Barcellos, que concedeu entrevista coletiva sobre lançamentos de produtos. ?O balanço, que antes era feito em reais, agora é transformado em dólar e passado para Atlanta?, afirmou Barcellos.
A compra da Leão Júnior pela multinacional está sendo analisada pelo Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade), e o tempo do processo está estimado entre 12 e 18 meses. ?Operacionalmente, a empresa continua totalmente independente?, garantiu. Segundo o executivo, para atender o controle financeiro da multinacional, a Leão Júnior precisou fazer adaptações. ?As leis americanas são mais rígidas do que as brasileiras, e precisamos nos adaptar?, comentou. Além disso, o calendário contábil é diferente do brasileiro. ?Lá é 4-4-5, ou seja, quatro semanas, quatro semanas e cinco semanas.?
Segundo Barcellos, a multinacional mandou para Curitiba um grupo de pessoas da área de controle para adaptar o sistema financeiro da Leão Júnior ao sistema adotado pela multinacional em Atlanta. ?Vieram e já foram embora?, afirmou, negando que haja executivos da Coca-Cola atuando na Leão Júnior.
Barcellos negou ainda que a multinacional tenha interesse de se desfazer da linha seca de chás Matte Leão. ?A Coca-Cola resolveu quebrar um paradigma e vai trabalhar com a linha seca. Ela não vai vender esta parte?, garantiu. A linha seca representa, hoje, 55% do faturamento da Leão Júnior e a linha líquida, 45%. Segundo Barcellos, a multinacional está ?muito satisfeita? com os resultados da Leão Júnior, que cresceu 18% no ano passado. Este ano deve fechar com faturamento de R$ 180 milhões e, no ano que vem, R$ 210 milhões.
Entre as medidas já tomadas pelo novo Conselho Administrativo da Leão Júnior – agora formado por dirigentes da Coca-Cola Brasil – está o aumento do investimento previsto para este ano, nas áreas de informática, industrial e comercial. ?A previsão era de R$ 5 milhões, mas passou para R$ 7,5 milhões?, afirmou Barcellos. Além disso, a empresa pensa em ampliar a fábrica instalada no Rio de Janeiro, responsável pela linha líquida de chás. Segundo Barcellos, em 2005 a ociosidade da fábrica era de 60% e, agora, de apenas 35%. ?Se cair para 20% é hora de fazer novos investimentos?, afirmou. Uma única máquina, capaz de aumentar a produção atual da unidade em 50%, custa aproximadamente US$ 1 milhão.
Novo endereço
Outra mudança será a de endereço. A fábrica da Leão Júnior, instalada no bairro Rebouças, deixará o local e seguirá para algum outro bairro de Curitiba ou região metropolitana. Segundo Barcellos, no contrato de venda ficou estabelecido que, durante 12 meses, a Coca-Cola não terá que pagar aluguel das instalações aos antigos donos da empresa. A partir daí, será cobrado aluguel de mercado. ?É um imóvel caro, em área valorizada para se ter uma fábrica. A empresa tem dois anos para se mudar?, afirmou o executivo. Segundo ele, a Leão Júnior já está realizando análises e estudos. A fábrica no bairro Rebouças abriga a linha industrial de chá seco e a sede administrativa. De acordo com Barcellos, como os fornecedores estão no Sul, a empresa não pensa em sair de Curitiba e região.
Investimento em embalagem e novos sabores
Na tentativa de popularizar o consumo de chá, a Leão Júnior está lançando no mercado a versão ?embalagem econômica?, com cinco sachês e que deve custar ao consumidor cerca de R$ 0,60. ?É prático, barato, ideal para quem mora sozinho ou para quem não quer comprar uma caixa com 25 unidades?, afirmou Renato Barcellos, diretor-geral da Leão Júnior. A compra da nova máquina custou à empresa cerca de US$ 200 mil.
A Leão Júnior tem ainda outros três lançamentos: o Matte Leão sabor Amêndoas, em edição limitada para o inverno; o Laranja, Cravo, Canela e o Chá Verde sabor Maracujá. Também está de volta o chá sabor chocolate com caramelo, lançado no inverno passado.
Além disso, a empresa está investindo pesado em propaganda, merchandising e promoção, com o sorteio de barras de ouro e campanha nacional de comunicação. Para este ano, o orçamento previsto para o desenvolvimento de produtos, marketing e agências de publicidade é de R$ 9 milhões. No ano passado foram R$ 6 milhões e, para 2008, a previsão é de 12 milhões.