LCA e LCI ocupam espaço de CDB e fundo de renda fixa

Com a isenção do Imposto de Renda e a proteção do Fundo Garantidor de Crédito contra perdas, cresce o número de investidores que optam pelas Letras de Crédito Agrícola (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI), reduzindo suas aplicações em fundos de renda fixa e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).

Dados da Cetip, depositária de títulos privados de renda fixa, deixam evidente o forte apelo desses dois instrumentos. O estoque de LCAs cresceu 21% do início de julho de 2013 até 27 de junho deste ano, alcançando R$ 31,992 bilhões. O de LCIs saltou 58,9% no mesmo período, para R$ 119,899 bilhões. Já na BM&FBovespa, o estoque de LCAs está em R$ 105 bilhões, tendo como base a data de sexta-feira, aumento de 91% em 12 meses.

Na contramão, o estoque de CDBs caiu 10,7% no mesmo período para R$ 525,627 bilhões. A indústria de fundos viu diminuir em R$ 63,67 bilhões as captações líquidas dos fundos de renda fixa em 12 meses até 30 de junho e em R$ 23,78 milhões no acumulado de 2014.

Profissionais do mercado explicam que o incentivo fiscal e a elevação para R$ 250 mil na cobertura dada pelo FGC aos investimentos feitos nesses ativos dão a ambos vantagens e os deixam bastante atraentes em relação as outras opções no segmento renda fixa.

“Existe uma migração dos investidores para esses papéis e a elevação do montante de investimento garantido pelo FGC foi determinante nesse sentido, já que elimina o risco de uma LCI e uma LCA emitida por um banco de menor porte em relação a um CDB de um grande banco, por exemplo”, disse o sócio e responsável pela mesa de secundário de crédito privado da XP Investimentos, Rubens Machado. Segundo ele, o CDB de um grande banco oferece retorno aproximadamente de 85% a 90% do CDI, enquanto o retorno equivalente (se houvesse pagamento de IR) de uma LCI/LCA de um banco médio está em torno de 115% a 125% do CDI.

Na XP Investimentos, onde o leque de produtos de renda fixa oferecidos para investidores pessoas físicas é bem amplo, houve aumento de 400% na base de investimentos em renda fixa, compreendendo LCAs, LCIs e debêntures, para R$ 4 bilhões, na comparação de julho de 2014 com julho de 2013. Entre 60% a 70% dessa posição estava em LCIs e LCAs.

“No cenário de taxa de juros mais baixas, outros fatores ganham importância e assimetrias tributárias acabam influenciando bastante. Com isso acabam ocorrendo fenômenos em que produtos de renda fixa, atrelados a juros e índices de preços, que tiveram uma rentabilidade importante, acabaram não ganhando evidência”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Carlos Massaru, que também é presidente do BB Asset Management DTVM. O executivo pondera, no entanto, que a indústria de fundos conta com menos de 30% de investidores de varejo.

Ricardo Magalhães, gerente-executivo de relações e projetos da Cetip, acrescenta que o investidor vem buscando alternativas de investimento, movimento esse que se acirrou com o corte da Selic em 2012. “A queda dos juros ajudou a dar visibilidade para as letras de crédito e, mesmo com a alta recente da taxa, a atratividade não diminuiu”, destaca. Magalhães diz ainda que esses papéis se tornaram, por outro lado, um importante canal para captação dos bancos a um custo interessante.

Para justificar o salto nos volumes aplicados nas LCAs e LCIs, o economista chefe da Plena Investimentos José Eduardo de Toledo Abreu Filho, cita ainda a facilidade no acesso por investidores pessoa física a esses ativos por meio das corretoras. Para driblar a queda de volume de negociação da bolsa, muitas dessas casas têm usado como estratégia a oferta de instrumentos de renda fixa.

“O LCI e LCA estão muito aquecidos, são produtos mais palpáveis para o investidor. Esse movimento (de maior interesse do investidor nesses títulos) se acentuou no segundo semestre de 2013, com a instituições ofertando mais”, afirma. O economista pondera, por outro lado, que é preciso cuidado na hora de trocar um investimento pelo outro, já que, a mudança pode apenas implicar a troca de “seis por meia dúzia”. Isso porque a remuneração oferecida pelas letras varia de emissor – bancos menores têm melhor taxa – e o pequeno investidor, desinformado, pode acabar não tirando vantagem do fato de que tanto as letras de grandes bancos quanto dos médios contam com a proteção do FGC.

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