Buenos Aires (AE) – O Ministro da Economia, Roberto Lavagna, poderia deixar o governo do presidente Néstor Kirchner após as eleições parlamentares de outubro, segundo sustentam especulações no âmbito político e financeiro portenho. Os rumores sobre uma eventual saída de Lavagna do governo foram freqüentes desde meados de 2003, mas cresceram intensamente ao longo dos últimos dias e foram reforçadas ontem, pelas críticas realizadas contra o ministro da Economia por parte de outros setores do gabinete de Kirchner.

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Os analistas sustentam que Lavagna estaria preocupado pela briga política entre o presidente Néstor Kirchner e o ex-presidente Eduardo Duhalde. ?El Pingüino? (O Pingüim) e ?El Cabezón? (O Cabeção) como são conhecidos popularmente, mantiveram nos últimos dois anos uma aliança política que – apesar das tensões – conseguiu governar a Argentina. No entanto, esta aliança rompeu-se, e os dois homens mais poderosos do país estão em estado de guerra pela disputa do controle da província de Buenos Aires, feudo de Duhalde, onde concentra-se um terço do PIB argentino e 40% do eleitorado. O confronto está dividindo o Partido Justicialista (Peronista), complicando a governabilidade.

Lavagna, afirmam os analistas, conseguiu uma significativa imagem positiva entre os argentinos como o ministro da reativação econômica e o homem que conseguiu convencer os credores privados a aceitar uma drástica redução da dívida pública. Ele não pretende desperdiçar essa popularidade (é o ministro com melhor imagem do governo), e por esse motivo – segundo integrantes de seu entourage – o ministro (que possui aspirações presidenciais) não deseja permanecer em um gabinete que teria graves problemas para governar. O clima de confronto político já estaria ?brecando? o crescimento da economia.

O jornal La Nación citando fontes próximas ao ministro afirmou que ?ele tinha certeza de que haveria um acordo Kirchner-Duhalde, porque dessa forma o Peronismo chegou ao poder e pode governar com respaldo parlamentar. Mas, agora o cenário é outro?.

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Além dos potenciais problemas no futuro, Lavagna está em rota de colisão com setores do governo. Ontem, o ministro do Interior, Aníbal Fernández, disparou contra Lavagna ao afirmar que ?só o presidente toma as decisões finais? sobre a estratégia contra a inflação. Na véspera, o porta-voz de Lavagna, Armando Torres, havia anunciado que o Ministério ?monitorará rigorosamente os acordos salariais? para evitar que estes continuem provocando alta da inflação.

O posto de Lavagna conta com um forte candidato para a sucessão. Ele é o ex-presidente do Banco Central, Mario Blejer, ex-funcionário do FMI e atual diretor do Banco da Inglaterra.

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