Com a inflação abaixo da meta, os juros básicos nas mínimas históricas e contas externas ajustadas, o Banco Central (BC) atingiu a “maturidade” e construiu um “legado excepcional”, mas, para chegar a um “happy end”, falta ainda a independência formal da autoridade monetária e um trabalho de “reconstrução” fiscal.
A avaliação é o ex-presidente do BC e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni. Langoni participa da elaboração e da implementação de uma agenda para abertura econômica do País, a convite do ministro da Economia, Paulo Guedes.
“É quase happy end”, afirmou Langoni, em palestra durante a cerimônia de lançamento da “Coleção Digital História Contada do Banco Central do Brasil”, na sede da autoridade monetária no Rio. Após citar a inflação abaixo da meta, juros nas mínimas e contas externas ajustadas, Langoni disse: “O que está faltando? Pouco”.
Dos dois itens faltando para o “final feliz”, Langoni disse que a independência formal será feita por Guedes e ressaltou que a “reconstrução fiscal”, um ajuste fiscal “permanente e sustentável”, é essencial para garantir inflação controlada no futuro. Segundo Langoni, só as contas públicas ajustadas darão “margem de manobra” para o BC na condução da política monetária e permitirão que a inflação baixa se mantenha.
“O problema brasileiro não é a dívida externa, é a dúvida interna”, disse Langoni, citando o economista Roberto Campos, principal nome do liberalismo econômico no Brasil.